longos ais! E os camaradas, que o tinham trazido, contavam ainda a um soldado barbudo e louro, da Legião Germanica, que acordára aos gritos — como uma grande pedra, caindo dum guindaste, nas obras das muralhas, esmigalhara os dous braços ao miserável, e o abatera como morto.
Onofre, através das lágrimas que o turvavam, recordava aquele casebre pintado às listas pretas, aquelas crianças quase fluas, de grandes olhos famintos. Já ali decerto trouxera consolação e pão... E ajoelhando, arredou devagar os panos da face do homem, que jazia inanimado. Então reconheceu um pobre chamado Ozias, escravo de um homem cruel, um empreiteiro de obras. Oh pobre Ozias! Desde longos meses tinha aquela mulher, doente e definhando, e mal podia, com o salário da servidão, ter pão bastante para os seus três filhinhos, arrolados já como escravos. Quem o ganharia agora, aos três desgraçadinhos, o pão incerto? Oh dor! oh dor! E então, nesse instante, o pobre homem abriu lentamente os olhos, de onde duas lágrimas correram, pesadas, e lentamente murmurou num sopro débil, de infinda dor:
– Ai! os meus filhos.., os meus pobres filhinhos!
Então Onofre, desesperadamente, todo a tremer, atirou para o Céu:
– Oh Deus misericordioso! Oh Jesus, meu