Onofre, com o seu corno enristado entre os olhos, refulgindo intoleràvelmente. Depois eram disformes morcegos quase tapando o céu, que se abatiam com um voo mudo e mole, e o cobriam com as suas asas, que tinham o calor de uma carne nua. E Onofre ia caminhando no ermo, rodeado de monstros.
Para os espantar, o desgraçado gritava o nome de Jesus – e eles recrudesciam, inumeráveis e silenciosos. Não eram, pois, demónios?
E Onofre deixou cair o corpo, como esmagado sob tanta cólera do Céu. Imediatamente, todas as formas medonhas, os dorsos, os focinhos, as asas frementes, se abateram, se estenderam como um pano fúnebre sobre o areal. E só houve um silêncio sob o grande céu estrelado.
Onofre cerrara os olhos, inanimado. E através de um descanso que o envolvia, doce como o da noite, entrevia a distância, batido por um sol de madrugada, um bosquezinho de palmeiras e sicômoros, que era o da morada em que nascera. Um fio de água descia de um tanque de pedra, cantando entre os linhos verdes. Os íbis pousavam na borda do terraço. Para além alvejavam os propileus, cobertos de relevos, do templo de Serápis. O velho escravo, que lhe ensinara as letras, lá estava no seu costumado