assento de pedra, envolto nos panos brancos, todo rapado, cheio das rugas do saber, e imóvel, com as mãos longas, de cera, pousadas sobre os joelhos magros, meditando a eternidade. Homens graves, com a túnica branca dos cristãos, que se preparavam para atravessar o Deserto, em peregrinação às ermidas da Tebaida, esperavam sob a ramada de vinha, com os seus embrulhos no chão, e por cima o cajado. O velho escravo núbio Amés, carregava com lentidão os odres de água sobre os dromedários – e cantava um antigo canto da Núbia. Mais doce e triste era o canto, nos seus ais prolongados, que as ramas das palmeiras na sua cadência!... E ele, Onofre, lá estava também, curioso, pasmando para os homens que iam assim tão longe visitar Antão, e Pacómio, e Paulo, e os Santos magníficos que habitavam sepulcros...
Um enternecimento infinito penetrou Onofre – e estendeu ansiosamente os braços para aquelas imagens, tão antigas e doces. Oh! se ele recuperasse a simplicidade desses tempos, naquele bosquezinho de mimosas... As lágrimas brotaram quentes e densas dos seus olhos cerrados – e através da névoa deles, arvoredos e casas, e o dromedário, e o velho núbio, com a sua tanga, branca, tudo se confundiu e desvaneceu.
Então naquele imenso deserto, que o cercava,