nos pátios, nos escuros sótãos, recanto que ele não tivesse rebuscado, no impulso irresistível de tudo saber. As aias constantemente o encontravam, procurando, com os seus pequeninos braços, frágeis como hastes de flor, erguer as pesadas tampas das arcas: e se encontrava uma aberta, eram gritos impacientes até que lhe deixassem desdobrar as peças de linho, desenrolar os rolos de fitas, destapar os cofres, remexer as rendas, amontoar em torno de si, sobre o soalho, um vasto bragal devastado.
Já mais crescido, brincando pela quinta, mergulhava em todas as espessuras de folhagens, de rastos, como um bicho, emaranhando o cabelo nas silvas, para conhecer o que se ocultava nas sombras húmidas: escavava em torno das plantas para conhecer a forma das raízes: e espreitando o voar dos pássaros, trepava às árvores, para saber o segredo dos ninhos. Nada o assustava. Quando o pai, para o adestrar na grande arte de cavalgar, o montou uma manhã num potro, ele, empurrando o cavalariço que segurava o freio, largou a galopar, em torno do silvado da quinta, bem colado à sela, com os cabelos ao vento, gritando de pura glória. Se sentia ao fim da tarde os chocalhos, e a fila da boiada recolhendo, nada o detinha, e corria a bater as palmas, provocando os novilhos, ou os bois de mais largas pontas: –