Começou a emagrecer, a sua pele tomou a palidez de uma cera de altar – e Mestre Porcalho declarou, sinistramente, que já nos olhos do senhor D. Gil se sentiam os prenúncios do tresler.
Então, para o afastar dos livros, D. Rui organizou para ele uma matilha de caça. O canil foi alargado, coberto de colmo novo: e o latir dos mastins, dos perdigueiros, dos lebréus barbarescos, atroava o solar. Ao lado havia um alpendre para os falcões: – e um homem hábil, que viera de Viseu, estava instalado na abegoaria, fazendo redes, armadilhas laçarotes, e capuzes de couro para os açores.
D. Tareja, abraçada no filho, conseguiu dele a promessa que todas as manhãs sairia a montear, para que, nos fortes ares da serra, lhe voltassem as cores da saúde. Mas ele quis primeiro aprender a Arte de Caçar – e foi ainda um motivo de se enterrar entre velhos cadernos, de letra miúda, em que se ensina a adestrar os lebréus, a afoitar os falcões, a conhecer as pegadas do lobo, o cheiro dos veados, e ainda os ventos mais propícios à caça, as orações que se devem a Santo Huberto e o modo de impedir que os espíritos malignos transviem na serra a caçada. Depois desejou ainda aprender nos livros os hábitos dos animais – a que horas bebe o veado, onde faz ninho a perdiz, que