manha tem o javardo, e o rumo do voar das águias.
Em tantas leituras, mais se definhou – e, perante as lágrimas da mãe, decidiu enfim começar as grandes manhãs de caça.
Com que alegria D. Rui e D. Tareja, do alto das escadas do solar, o viram, montado no seu alazão, airoso na sua cota de couro branco, com o falcão emplumado sobre o guante – e em volta os lebréus, puxando as trelas e latindo. O monteiro soou a trompa – e, bom caçador, voltando-se ainda na sela para atirar um beijo à mãe, passou a ponte levadiça, num grande brilho de sol, que então saía de entre as nuvens.
Voltou por noite cerrada, com uma cor forte nas faces, um cheiro de mato nas roupas, tendo morto um veado, lebres, todo um bando de codornizes – mas descontente das suas proezas. Não iam ao seu coração doce as violências da caça; e os lebréus partindo a espinha dos coelhos, entre as urzes; o falcão, despedaçando nos ares uma pobre ave, e voltando a pousar-se no guante, todo enrufado; as setas espetadas no pescoço dos veados, que ficavam bramando, com grandes olhos agoniados; todas estas ferocidades, findo o impulso que as inspirara, entre os gritos dos monteiros, e o ressoar das buzinas, lhe davam como a tristeza de um arrependimento. E, de noite, no seu catre, só, chorou pelos animais mortos.