– Diz!
Então Pêro contou que o podengo fora encontrado morto; um almocreve achara adiante as ovelhas perdidas; de madrugada passara nesse sítio um bando de homens de armas, que vinha das bandas de Aguiar. A pastora fora decerto roubada.
Gil ficou mais branco que a cal do muro que lhe ficava por trás. E com um tom de comando e de força, como se aquela dor por que vinha penando do Donzel houvesse feito surgir o Homem, ordenou a Pêro que desse o alarme aos moços de armas, se armasse ele de ascuma e loriga, e estivessem todos, com cavalos, ao pé do Portelo da Faia. Depois, subiu as escadarias de pedra, e na velha sala de armas, onde há tanto tempo só entrava o serviçal para sacudir a poeira, vestiu a cota de malha, e o capelo, que seu pai lhe dera, escolheu uma lança de monte, e armado, tendo feito o sinal-da-cruz, desceu devagar para que nem as aias se apercebessem, e foi ter ao Portelo, onde, um a um, espantados, ainda com os olhos inchados do sono, vinham chegando os homens de armas.
Eram os sete que havia no solar – e já velhos, tendo perdido nas tarefas da lavoura os hábitos do capelo e da cota, que se tinham enferrujado, e com as lorigas de couro mal juntas, os coxotes mal afivelados, montando velhos ginetes, a que quietos anos de sono e ração farta