tinham tirado a ligeireza e o garbo, formavam um troço de homens toscos e moles, de que se riria qualquer bom cavaleiro, voltando da Fronteira e dos Mouros.
Mas, quando o senhor D. Gil, no seu grande fouveiro, sacudiu a lança e partiu, lá galoparam, mal acostumados à sela, enrolando por vezes na cima as mãos calejadas do arado e do malho.
Bem depressa, porém, a carreira parou, no encontro de dois caminhos, porque D. Gil mal sabia o que o levava, assim armado, com a sua ronceira mesnada de sete homens de lavoura, através dos campos quietos. E os seus belos olhos de novo se enevoaram de lágrimas de donzel, sentindo que a sua grande cólera era vã, e sem alvo, como uma lança arremessada contra o vento! Para onde ir? Contra quem correr? Se a pobre Solena fora roubada, para onde a tinham levado os seus roubadores? A que solar pertenciam? Como tomar a desforra com esses sete homens mal armados?
– Que fazer, Pêro?
Ao seu lado Pêro Malho, montando um ginete pequeno de longas clinas, com uma loriga de tiras de couro negro, tomara o lugar de escudeiro. E com a sua ascuma atravessada na sela, coçando o queixo rapado, pensativamente, terminou por aconselhar que se fossem pelos caminhos, e pelas herdades, indagando da passagem desses homens armados, que tinham vindo de Aguiar.