longa carreira – até que homens e cavalos estacavam arquejando.
E no despeito fundo que sentia, com aquelas correrias sem destino, e sem glória, desejava ao menos encontrar um lobo, um touro bravo a derrubar. Os homens, cobertos de poeira e suor, praguejavam já surdamente.
Ao descer do Sol, à vista de um pinheiral que cobria um outeiro, sentiram de repente um grito, depois outro. «Louvado seja S. Tiago!» exclamou logo Pêro. D. Gil, largando a rédea, correu para o bosque escuro – e num barranco, avistaram, entre fardos e caixas caídos da mula que os carregava, três homens de armas que amarravam a um tronco um velho, enquanto atavam com uma corda os pés de um rapazito, cheio de sangue na boca. Os três cavalos dos homens esperavam à orla do pinheiral: e antes que D. Gil pudesse usar a lança, já os três homens, saltando sobre os ginetes, fugiam furiosamente.
O bom cavaleiro largou sobre eles com dois dos seus solarengos – mas, conhecendo decerto os caminhos que se cruzavam entre o arvoredo, os três homens tinham desaparecido na espessura. Então, voltou para o velho, que Pêro desamarrara, e que, tremendo todo, e gaguejando, contou que ia com o neto levar duas jardas de pano de almafega ao paço dos Senhores de Solores, quando fora assaltado e espancado.