saber, para espalhar o bem em todo o reino, e ser bendito dos homens.
– Isto vos peço, pelas chagas de Cristo, que me não negueis este desejo, que é para bem dos homens, e por Jesus inspirado.
As lágrimas caíam pelas faces dos dois velhos. E elas e o seu silêncio, bem mostravam quanto eles julgavam nobre o desejo do seu Gil, inspirado pelo Céu, e difícil de ser recusado.
Mas dois anos de separação – e eles já velhos, e a França tão longe!
Como se ele já partisse, e ela o quisesse reter, a mãe abraçava o filho e murmurava:
– Em tanto mimo criado... E partires só para essas terras! E tão grandes os perigos e as tentações! Nós, sós, sem ti, como viveremos!
Mas o velho, mais forte, recalcando a emoção, exclamou:
– Tão nobre desejo não pode ser negado. O nosso filho tem altos espíritos... Não é nesta aldeia, neste velho solar, que ele pode ganhar fama e servir o reino. Não seria o amor de pai que, para não sofrer um ano, deixasse aqui neste ermo apagar-se, sem serventia, luz de tamanha promessa. Não te pese que choremos... Cumpre tu o teu dever de homem bom. Deus te leva, Deus te trará.
Gil murmurou:
– Deus decerto me trará.
Ficaram um instante todos os três abraçados –