facilidade no francês, do meu conhecimento do francês, da política de França, da literatura de França. De facto, eu conhecia romancistas, filósofos franceses, que ele ignorava. E ainda recordo o tom de alta protecção, com que me disse, batendo-me no ombro, enquanto nós rolávamos na estrada, vendo em baixo, no vale, o mosteiro da Batalha:
– Vous avez raison, il faut aimer la France... Il n’y a que ça! Et puis, vous avez, il faut que nous vous fassions des choses, des chemins de fers, des docks, des choses... Mais il faut nous donner votre argent...
Creio que realmente, depois, temos dado notre argent à França, largamente!
Enfim, cheguei à capital de Portugal – e lembro-me que a primeira coisa que me impressionou foi ver a uma esquina um grande cartaz, anunciando a representação de Cançonetas francesas, no Casino, a brilhante M.me Blanche, e a incomparável Blanchisseuse Era outra vez a França, sempre a França. Eu deixara-a dominando em Coimbra, sob a forma filosófica; vinha encontrá-la conquistando Lisboa, de perna no ar, sob a forma de cancã
Começou então a minha carreira social em Lisboa. Mas era realmente como se eu habitasse Marselha. Nos teatros – só comédias francesas; nos homens – só livros franceses; nas lojas – só vestidos franceses; nos hotéis – só