de poetas novos, começando assim:
Meu pai era ladrão, minha mãe meretriz!
E vinte horas não tinham passado sem que todos, no espanto desta profecia, lêssemos, em jornais de Lisboa e Porto, poesias em que moços de maior honestidade, de famílias honradíssimas, acusavam as suas mães de prostituição e tratavam os pais de «lúbricos machos». Aí está onde leva a França!
Mas, se os que escrevem ou escrevinham vivem da França, os que lêem ou os que apenas folheiam nutrem-se exclusivamente da França. Quem passeia pelas ruas de Lisboa vê que nas vitrinas dos livreiros só há livros franceses; e quando se sobe às casas, se penetra na sociedade, só lá se descobrem (desde que a conversação se eleva acima das coisas locais), leituras francesas, admirações francesas, frases francesas. Quase toda a nossa mocidade culta recebe a sua luz intelectual do Figaro. E o banalíssimo, mediocríssimo Wolf é ainda, para muitos homens inteligentes, o representante do espírito francês. Porque é necessário observar que tanto os que escre-vem, como os que lêem, tomam ingenuamente o Boulevard pela França. Para além da França nada se conhece – e é como se, literariamente, o resto da Europa fosse