“São como certos bandidos
da Calabria os teus brilhantes
olhos radiantes,
olhos cheios de encantos atrevidos”;
e uns negros olhos conheceu Luiz Delfino, que eram ao mesmo tempo o ceu e o inferno:
“Naquelles olhos, em que os astros moram,
Trocando o ceu, que teem, por ceu mais bello,
A sombra negra da paixão de Othelo
Passa rugindo, de punhal na mão!”
E’ na contemplação dos olhos negros, admirando a sua treva em que ardem relampagos de mysterio, que os poetas aprendem a associar as duas ideias supremas do amor e da morte; e, sendo os olhos do crime, são tambem os da piedade; eram negros os olhos de uma santa, a quem se dirigia Leal de Souza:
“A’ casta luz d’esse olhar,
Sinto ancias christans de orar,
Porque, brilhantes de amor,
Teus negros olhos rasgados
Teem a tristeza e o esplendor
Dos templos illuminados.”
E os olhos azues? esses conteem tanta cousa! Alberto de Oliveira conheceu uma mulher etherea e pura, de olhos de um azul claro,
“tão claro, que do ceu se via o manto,
cem leguas atravez dos olhos delia!”