— Sim,... mas quero ir. Quero morrer contigo, ou contigo me salvar.
"Partamos! Não há tempo a perder."
— Que! bradou Eustáquio, padre Jorge, ficai!
Qual, amigo! Que tenho a recear? A morte? Ora! A morte já não me pode causar dano. Deste meu lugar eu já a avisto. Que importa que ela me alcance aqui ou ali?... Questão de lugar.
— Não! não haveis de ir!
— Hei de ir certamente, replicou o padre com firmeza.
— Padre Jorge, sejamos razoáveis. Lembrai-vos que há almas por quem tendes de responder a Deus.
"E se morrerdes..."
— Outros me hão de substituir com muito mais aptidão para o meu mister. Além disso, a tua e a dos teus não serão dessas almas por quem sou responsável? Não tenho eu até o dever de estar ao vosso lado pronto a confortar-vos em vosso último momento, se ele chegar?
O ex-subdelegado viu que era impotente diante da vontade inabalável daquele velho, curvou-se e beijou as costas da mão rugosa e magra que segurava nas suas.
— Bem, disse comovido, sois o mais bravo dos sacerdotes e o mais dedicado dos amigos, vinde! Iremos juntos, e morreremos juntos, se for da divina vontade.
E os dois se abraçaram.
Os paraenses, de pé, assistiam, calmos, mas enternecidos, as peripécias belas dessa cena de amizade.
Passados alguns momentos, o velho sacerdote dirigiu-se à mesa e fechou o alfarrábio. Aos pés do seu pobre leito