o fazendeiro a abandonar a direção dos trabalhos. Ele quis escolher um feitor entre os lavradores pobres que vagueavam pelas imediações da pequena fazenda. Esse homem devia vigiar os negros obtendo por isso uma remuneração, mas o fazendeiro para evitar despesas tomou a resolução de entregar o cargo de feitor ao seu mais fiel escravo.
Os ciúmes nasceram logo entre os outros escravos, a inveja rebentou furiosa e nuvens negras começaram a encobrir o horizonte da concórdia.
Estava armada a tormenta. O raio não podia tardar.
De fato, depois de freqüentes desobediências, precursoras de uma insurreição, as quais foram justamente punidas, teve lugar um horroroso crime, cuja imediata conseqüência foi a destruição da fazenda, em outro tempo tão esperançosa.
Havia quase uma hora que o sol se pusera. Nuvenzinhas muito altas e estratos cor de fogo, no meio de uma claridade que, como um leque, se irradiava pelo firmamento, desmaiando gradualmente, lembravam apenas o facho diurno. Os grilos e as rãs, já gritando nas matas que rodeavam a fazendola, marcavam o momento de cessar-se a lida do campo.
Os escravos, que costumavam, a essa hora, tomar ao ombro as ferramentas agrárias e seguir para seus domicílios, conservavam-se imóveis e encaravam o feitor, em tácita provocação.
O feitor, enfadado por isso, deu uma expressiva gargalhada gutural e perguntou: