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E respondeu-lhe logo outro do lado opposto; e travou-se entre ambos um desafio tam regular, em strophes alternadas tam bem medidas, tam accentuadas e perfeitas, que eu fiquei todo dentro do meu romance, esqueci-me de tudo o mais.

Lembrou-me o rouxinol de Bernardim-Ribeiro, o que se deixou cahir n’agua de cançado.

O arvoredo, a janella, os rouxinoes... áquella hora, o fim da tarde... que faltava para completar o romance?

Um vulto feminino que viesse sentar-se áquele balcão — vestido de branco — oh! branco por fôrça... a frente descahida sôbre a mão esquerda, o braço direito pendente, os olhos alçados ao ceo... De que côr os olhos? Não sei, que importa! é amiudar muito demais a pintura, que deve ser a grandes e largos traços para ser romantica, vaporosa, desenhar-se no vago da idealidade poetica...

— 'Os olhos, os olhos...' disse eu pensando ja alto, e todo no meu extasi, ’os olhos... pretos.’