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modestia; e Addison, apezar da sua casaca de penneiros, é muito maior philosopho do que foi Démades com a sua tunica e o seu palio atheniense.

O erudito e amavel leitor escapará d’ésta vez a mais citações: compre um Spectator, que é livro sem que se não póde estar, e veja passim.

Eu gósto, bem se ve, de ir ao incôntro das objecções que me podem fazer; lembro-as eu mesmo paraque depois me não digam: — 'Ah, ah! vinha a ver se pegava!' — Não senhor, não é o meu genero esse.

Francamente pois... eis-ahi o que poderão dizer: — 'Addison foi secretario d'Estado, e então...’ — Então o quê? Não concebem um secretario d’Estado philosopho, um ministro poeta, escriptor elegante, cheio de graça e de talento? Não, bem vejo que não: teem a idea fixa de que um ministro d’Estado hade ser por fôrça algum semsaborão, malcriado e petulante. Mas isto é nos paizes adiantados em que ja é indifferente para a coisa-pública, em que povo nem principe lhes não importa ja, em que mãos se intregam,