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a que cabeças se confiam. Em Inglaterra não é assim, nem era assim no tempo de Addison. Fossem lá á rainha Anna que deixasse entrar no seu gabinete quatro calças de coiro sem criação nem instrucção, e não mais senão so porque este sabía jogar nos fundos, aquelle tinha boas tretas para o canvassing de umas eleições, o outro era figura importante no Freemasson’s-hall! Ja se ve que em nada d’isto ha a minima allusão ao feliz systema que nos rege: estou fallando de modestia, e nós vivemos em Portugal. A modestia comtudo quando é excessiva e se aproxima do acanhamento, do que no mundo se chama falta de uso — póde ser n’um homem quasi defeito inteiro. Na mulher é sempre virtude, realce de belleza ás formosas, disfarce de fealdade ás que o não são. Por mim, não conheço objecto mais lindo em toda a natureza, mais feiticeiro, mais capaz de arrebatar o espirito e inflammar o coração do que é uma joven donzella quando a modestia lhe faz subir o rubor ás faces, e o pejo lhe carrega brandamente