84
Graciliano Ramos

exclamações e de gestos, e Baleia respondia com o rabo, com a lingua, com movimentos faceis de entender.

Todos o abandonavam, a cadellinha era o unico vivente que lhe mostrava sympathia. Afagou-a com os dedos magros e sujos, e o animal encolheu-se para sentir bem o contacto agradavel, experimentou uma sensação como a que lhe dava a cinza do borralho.

Continuou a acaricial-a, approximou do focinho della a cara enlameada, olhou bem no fundo os olhos tranquillos.

Estivera mettido no barreiro com o irmão, fazendo bichos de barro, lambusando-se. Deixara o brinquedo e fôra interrogar sinha Victoria. Um desastre. A culpada era sinha Terta, que na vespera, depois de curar com reza a espinhela de Fabiano, soltara uma palavra exquisita, chiando, o canudo do cachimbo preso nas gingivas banguelas. Elle tinha querido que a palavra virasse coisa e ficara desapontado quando a mãe se referira a um lugar ruim, com espetos e fogueiras. Por isso resingara, esperando que ella fizesse o inferno transformar-se.