Vejam que mentira aquella!
Eu já vi que esta mulher
Todo mundo illude ella!

“Ella põe-se a esmiuçar,
Puxa de diante pra traz,
Pega com tanta pergunta,
Tambem isso não se faz,
Até apparecer coisa
Que ninguem se lembra mais.”

(Alma) — “Mãe amada, me livrae
Das grandes rigoridade,
Sei que gastei os meus dias
Envolvido em vaidade,
Mas espero ser valido:
Valei-me por caridade!”

(Maria) — “Alma, o que tú me pediste
Eu não posso prometter,
Si tivesse em penitença
Com razão eu ia ver:
Mas assim, é impossivel
Te salvar, sem merecer.”

(Alma) — “Rainha, Mãe Amorosa,
Esperança dos mortaes,
Quem recorre a vosso nome
Sei que não desamparais,
Eu, pegando em vossos pés,
Sei que não largo elles mais.”

(Maria) — “Pois, alma, demora ahi,
Emquanto eu vou consultar,
Fazer pedido a meu Filho,
Ver si eu posso te salvar,
Ver si teus grandes peccados
Tem grau de se perdoar.”