Pesquisando/IV/Modalidades de citação

Modalidades de citação

Trataremos agora das referências bibliográficas a serem feitas ao longo do corpo do trabalho, as chamadas citações, indicativas dos lugares de onde transcrevemos trechos sob a forma de discurso direto, colocando frase ou períodos entre aspas; ou indiretamente, parafraseando as ideias dos autores consultados, usando nosso próprio discurso. Para distinguir claramente as citações do texto de base das de literatura crítica, seria útil colocá-las em grafias diferentes, tendo o cuidado de abrir um novo parágrafo quando a citação no discurso direto for longa, ultrapassando três linhas. Pelo menos ¾ da redação do trabalho científico deve ser de nossa autoria, utilizando a escrita de outros apenas quando for estritamente necessário. Devem-se, assim, evitar transcrições ingênuas, de caráter geral ou de livros de pouca relevância. Cita-se um texto ou para ser interpretado ou para ser criticado ou em apoio à nossa tese. Para a indicação da fonte no corpo do trabalho são possíveis três sistemas:

Nota de rodapé

É a forma mais antiga e ainda hoje usada especialmente em trabalhos acadêmicos. Após a transcrição do trecho, coloca-se um número no alto, correspondente à nota de rodapé, onde deve constar a referência bibliográfica completa, acrescida do número da página. Para não se repetir o nome do autor ou da obra, as notas de rodapé costumam trazer siglas de abreviaturas: idem ou id. (mesmo autor); ibidem ou ib. (na mesma obra); op. cit. ou o.c. (obra já citada). O número de notas de rodapé pode ser relativo a cada página ou progressivo, referindo-se à quantidade de notas contidas num capítulo ou na obra inteira.

Ano de publicação

De acordo com esta outra modalidade, a indicação do locus da citação é colocada não em baixo da página, mas no corpo do trabalho, no próprio texto, reservando o uso do rodapé apenas para as notas explicativas ou de acréscimo à referência bibliográfica, indicadas por asteriscos. Após o trecho citado ou parafraseado, abre-se um parêntese, no qual vai constar o sobrenome do autor, o ano da edição da obra e o número da página. Se se usar este critério de citação, é preciso colocar em destaque, na bibliografia final, o ano de publicação das obras, pois é o elemento escolhido para a identificação da fonte.

Exemplo desse tipo de citação:

“A poesia lírica carece tão pouco de conexões lógicas, quanto o todo de fundamentação. Na poesia épica, quando, onde e quem terão que estar mais ou menos esclarecidos antes de a história iniciar-se. Com muito mais razões, o autor dramático tem que pressupor a existência de um teatro, e o que falta à fundamentação do todo é acrescentado posteriormente.” (Staiger, 1975:46).

Número da obra

É o sistema mais moderno e mais eficiente, que estamos usando de uns anos para cá, com boa aceitação por parte de leitores e orientandos. Na listagem por ordem alfabética da bibliografia geral, que é colocada no fim do trabalho, cada obra recebe um número, sempre na ordem crescente, mesmo se as referências bibliográficas forem divididas em partes. No corpo do trabalho, após a transcrição ou a paráfrase de uma ideia, coloca-se entre parênteses ou colchetes o número correspondente à obra citada e o número da página. Se, pelo contexto, não é possível ao leitor identificar o autor citado, é aconselhável pôr também seu sobrenome, antes do número da obra. Assim, por exemplo, se alguém quiser citar um trecho da Poética de Aristóteles e essa obra, na bibliografia geral, adquiriu o número 4, terá as seguintes opções:

1. “A peripécia é a súbita mutação dos sucessos, no contrário”, conforme afirma Aristóteles (4, p. 119).
2. A figura da “peripécia”, conforme a estética clássica, é uma repentina reviravolta dos acontecimentos (Aristóteles, 4, p. 119).

O único inconveniente no uso desse sistema é que as obras consultadas só podem adquirir a numeração ao término do trabalho. Por isso, o pesquisador, durante as fases da coleta do material, de sua seleção e da primeira redação por partes, deve ter o cuidado de colocar nas fichas, provisoriamente, a abreviatura do nome da obra que, eventualmente, poderá ser citada. Só depois de elaborada a bibliografia geral, por ordem alfabética e numerada cada obra, ele terá condições de substituir, na redação final, o nome da obra pelo seu número. Mas este trabalho será compensado pela facilidade com que o leitor poderá visualizar a citação bibliográfica.

Tabela de abreviaturas mais usadas.

Abreviatura Significado
art. artigo de uma lei ou de um regulamento
cap. capítulo; plural: caps.
cf., ou v. (vide) confronte, veja
col.ou c. coluna; plural: Coll
ed. edição; plural: eds.
e.g. ou p.ex. do latim exempli gratia = por exemplo
fig. figura ou sentido figurado; plura: figs.
f. ou fl. ou fol. folha; plural: ff. ou foll
ibid. ou ibidem do latim = no mesmo lugar (mesma obra e mesma página)
idem do latim = a mesma coisa (mesmo autor)
i.e. do latim id est = isto é, quer dizer
infra do latim = ver abaixo
l. t. ou vol. livro, tomo ou volume (plural: vols.) – obras em partes
loc. cit. lugar citado anteriormente
MS manuscrito; plural: MSS
n. nota (de citação)
NB. ou Obs.: note bem, observação
N. do A. nota do autor
N. do T. nota do tradutor
N. do E. nota do editor
n. ou nº Número
op. cit. ou o.c. obra já citada
passim do latim: “aqui e ali” (quando a ideia está dispersa na obra)
p. ou pág. página; plural: pp. ou págs.
par. Parágrafo
PS ou “em tempo” do latim: post scriptum (adendo no fim de um texto)
pseud. pseudônimo (o nome do autor não é o verdadeiro)
s.d. do latim sine data (da edição)
s.l. do latim sine loco (não aparece o lugar da publicação)
s.n. ou anon. do latim sine nomine (anônimo = autor desconhecido)
s. ou seg. seguinte; plural: ss.
sic advérbio latino que significa: “assim”, “desse jeito”!
supra acima, verificar o que foi dito antes
tab. tabela
tr. ou trad. tradução
v. verso; plural: vv.
vs. ou versus advérbio latino de oposição: clássico vs. romântico
vers. versículo; usado especialmente nas citações bíblicas.