Mas após ele interromper essa ladainha, um Esculápio[1] aparece sobre o chão. Então, colocando no meio um pote cheio de água, ele invoca todas as deidades, e eles ficam presentes. Porque qualquer um que tiver lançado os olhos dentro do pote, verá todos eles, e Diana liderando com seus cães latindo. Não devemos, entretanto, diminuir a narração do número (de objetos) destes homens, como eles tentam (finalizar seu embuste). (O mágico) coloca suas mãos sobre o caldeirão de piche[2], que está em, como já dissemos, estado de fervura; e jogando (ao mesmo tempo) vinagre, salitre e piche umedecido, ele acende o fogo embaixo do caldeirão. O vinagre, porém, sendo misturado com a salitre, e sendo pouco aquecido, move o piche, fazendo com que bolhas se ergam até a superfície, e permitindo a mera aparência de um (pot) entrando em ebulição. O (feiticeiro), entretanto, previamente lava suas mãos freqünetemente em salmoura; a conseqüência é que o conteúdo do caldeirão não estava realmente fervendo, e queimando muito. Mas se, tendo untado suas mãos com um tintura de murta[3], junto com vinagre, ele lava-os em salmoura freqüentemente, ele não é queimado: e ele não queima seus pés ao cobri-los com mica e salamandra.

Quanto à queima da pirâmide, apesar de ser composta de pedra, a causa é a seguinte. Terra calcárea é moldada na forma de uma pirâmide, mas sua cor é aquela de leite, é preparada após a moldagem. Tendo aplicado na peça de argila bastante óleo, e colocando sobre carvão, e assando, ao aplicar novamente, e assando uma segunda e terceira vez, e freqüentemente, (o feiticeiro) faz com que seja queimada, mesmo que seja mergulhada em água; porque contém óleo em abundância. O piso da lareira, porém, é queimado espotaneamente, enquanto o mágico despeja[4] uma libação, ao ter tempo para queimar cinzas abaixo, e refinado o olibano e uma grande quantidade de reboque[5] e um pacote[6] de velas untadas e galhos, côncavo no interior, e suprida com fogo (oculto). E após alguma demora, (o feiticeiro) faz (a pirâmide) emitir fumaça do topo ao colocar fogo no galho, e cercando com reboque, e assoprando pela boca. O tecido de linho que foi colocado na lateral do caldeirão, (e) no qual deposita o carvão, na medida da salmoura subjacente, não seja queimado; de outra maneira, que ele mesmo se lavou em salmoura, e então se untou com clara de ovo, junto com alume umedecido. E se igualmente, um mistura disso com suco de jovibarba e vinagre, e previamente ter untado (com esta preparação), após ter sido lavado nessa droga, continua à prova de fogo.

  1. Marsílio Ficínio (Commentary on Plotinus, p. 504 et sec., vol. ii. Creuzer's edition), em que ele discute a relação entre demônios e mágica, sob a autoridade de Porfírio, que os feiticeiros têm poder para invocar demônios, e que um mágico, na presença de muitos, mostrou a Plotino seu anjo (demônio) da guarda. Este constitui o departamento goético da magia.
  2. Ou "cheio de piche".
  3. Esta palvra (mursinh) evidentemente não é a certa, porque nós mencionamos smurnh, mirra. Talvez a palavra malqh, sugerida em outra passagem, seja igualmente empregada aqui.
  4. Ou "faz rapidamente a preparação" ou "vale-se do dispositivo de".
  5. As palavras em itálico são adições do abade Cruice. Há obviamente algum hiato no original.
  6. Ou "resíduo de".