Apseto[1], o Líbio, desejava ardentemente se tornar um deus; mas, após muita meditação, ele falhou em cumprir seu desejo, ele desejou aparentar ter se tornado um deus; e ele fez com que tudo acontecesse para que pensassem que ele se tornou um deus. Os tolos líbios sacrificavam a ele como se tivesse algum poder divino, supondo que ele tinha a voz que veio dos céus. Ele capturava um grande número de pássaros – papagaios – e os colocava numa única gaiola e os calava. Há muitos papagaios na Líbia e eles imitam a voz humana diferente um do outro. Este homem criou os papagaios e os ensinou a repetir a frase “Apseto é um deus”. Depois que os pássaros praticassem bastante, e se acostumarem à pronúncia, ele abria as gaiolas e os papagaios saíam por todas as direções. Os pássaros alcançaram toda a Líbia e até mesmo a Grécia. E assim os líbios, impressionados com as palavras dos pássaros, ingenuamente proclamaram Apseto deus. Entretanto alguns dos gregos, ao fazer uma pesquisa cuidadosa, perceberam o truque do suposto deus, porque alguns papagaios não somente refutam mas também destroem o metido à besta. Os gregos, ao confinar muitos papagaios, ensinaram eles a dizer “Apseto nos aprisionou, nos forçou a dizer ‘Apseto é um deus.’” Ao serem esclarecidos os líbios decidiram de forma unânime condenar Apseto à fogueira.

  1. Miller nos lembra de Apostólio, Proverb, s.v. ψαφῶν. Schneidewin lembra que Máximo Tírio relata uma história muito parecida a respeito de um Psafo, um líbio, em seu Dissert. (xxxv.), que Apostólio extraiu seu relato e inseriu em sua Cent. Xviii, mencionando ao mesmo tempo uma narrativa similar de Élio, Hist., xiv.