I

O adeus



Quando para a Europa se dirigiam a bordo do Alagóas, o Imperador com sua familia e alguns poucos amigos, ao perderem de vista as terras do Brasil, crêmos que em aguas de Fernão de Noronha, mandou Sua Magestade se soltasse um pombo, mensageiro do ultimo adeus dos exilados. Tomou a avezinha o vôo, mas, logo depois, e como que salteada por vertigem, deixou-se cahir e afundou-se no Oceano.

Deste e de outros successos da melancolica viagem ha interessantissimos pormenores em memorias da Exima. Snra. Baroneza do Loreto, a quem com justiça devemos exprobrar a modestia com que recata esse mimo historico e litterario.

Não são do egregio Autor, mas nossos, os titulos sobrepostos aos seus sonetos.

Supprimimos, por não alongal-a, nesta 1.ª edição, algumas variantes, que em outra serão talvez publicadas.

I

O adeus



Mensageiro do amor e da saudade,
Toma teu vôo pela azul planura:
Vae dizer ao Brasil em que tristura
Tu nos deixaste aqui na soledade.

Vogam commigo os meus na immensidade,
Buscando em terra estranha sorte escura;
E eu mais longe inda irei que d’esta agrura
Sei que caminho vou da Eternidade.

Mas ah! que vejo ! Apenas te remontas,
Entre dous pégos voejando ás tontas,
Rapido tombas em revoltas aguas...

Bemvindo sejas, ó celeste aviso!
Que assim me revelaste de improviso
A morte como termo a tantas maguas.