PROLOQUIO
D. Pedro II
Foi um bom, foi um justo, foi um magnanimo. De suas virtudes civicas tirou meio
seculo de paz e felicidade para a nossa Patria.
Manteve livre o Brasil, e sacudiu do continente as tyrannias de Rosas e Lopez, sem disputar aos povos redemidos um palmo de territorio.
Comquanto peado pela Constituição, collaborou discreta, mas corajosamente, na libertação dos captivos.
Não desprezava as injurias; sabia sentil-as e perdoal-as.
Entre as urzes da intolerancia e da subserviencia lançou as sementes da liberdade da imprensa, e fêl-a medrar como jamais vicejara em terra sul-americana.
Protegeu paternalmente a Carlos Gomes, o musico, Pedro Americo, o pintor, Porto Alegre, o poeta, Domingos Freire, o medico, Capanema e Barbosa Rodrigues, os naturalistas, Benjamin Constant, o mathematico— e innumeros outros.
Deu tantas esmolas que para não descontinual-as, teve a republica de abrir immensa verba e organizar serviço especial. Matou a fome, vestiu a nudez, custeou a educação de muitos que o fizeram morrer proscripto e pobre.
No throno exerceu verdadeira fascinação sobre quantos primeiro o tinham desestimado e depois aprenderam a veneral-o. Torres Homem, Martinho Campos, Silveira Martins e Ferreira Vianna foram deste numero, para só fallarmos dos mais illustres e honrados.
Rebrilhou no exilio, cingindo a aureola de resignação que bem se diria stoica, si melhor não se chamara christan.
Todos os que após Elle se assentaram na cathedra suprema, têm sido uns desgraçados, e por sobre as suas miserias assoma, em radioso nimbo, a visão do velho Imperador de barba nevada e olhos compassivos.
Morto, é sua bemdita memoria como o fulgor das auroras polares, illuminando a fria noite que atravessamos.
Salve, meteoro consolador! e conserva-te nos céos da Patria até que de novo lhe alvoreça, espancando gelidas brumas, o sol vivificante da tradição, do direito e da liberdade!
Salvador de Mendonça, Polyanthéa. album de originaes offerecidos a S. M. o Snr. D. Pedro II, Imperador do Brasil, por occasião de seu regresso á Patria, em setembro de 1888. — Voiron, 1892.— Pag. 132.
Um dia como eu houvesse pedido a Victor Hugo algumas palavras em prol dos escravos, o Immortal escreveu: « O Brasil tem um Imperador, e este é mais que um soberano: é um homem.» Meu espirito republicano reflectiu e eu concordei com o Genio.
José do Patrocinio, Idem, pag. 37.
O nosso Imperador amado e venerado...
Floriano Peixoto, Carta ao Conselheiro Basson, offerecendo-se para reservadamente amparar o Snr. D. Pedro II contra desacatos de republicanos. ( Apud Affonso Celso, O Imperador no exilio, Rio, 1893.— Pag. XL.)