Capitania dos Ilhéus

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A Capitania dos Ilhéus, está em altura de quatorze graus e dois terços; foi primeiro do Capitão Jorge de Figueiredo Correia, na qual os padres da Companhia fazem muito serviço a Deus, assim com os moradores portugueses como com o gentio da terra.

Capitania de Porto Seguro

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Está a de Porto Seguro em dezesseis graus; foi povoada pelo Capitão Pero de Campos Tourinho, no ano de mil quinhentos e trinta e seis. E daí a anos foi enviado a esta vila o Padre Francisco Pires, o qual no princípio residiu na ermida de Nossa Senhora, que é da Companhia, por ser edificada por ordem do dito padre e companheiros seus. Foi mui grande a mercê que a mesma Senhora lhes fez, em se abrir milagrosamente ali uma fonte, mui afamada em toda a costa, na qual se fizeram e fazem muitos milagres, sarando muitas pessoas de diversas enfermidades, umas que vão àquela casa em romaria, e outras que mandam buscar a água dela para o mesmo efeito.

Gentio Aimoré

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Ambas estas capitanias foram infestadas e perseguidas pelo crudelíssimo gentio chamado aimoré, por cerca de cinqüenta anos, com mortes de portugueses, e de seus escravos e índios cristãos, e perdas das fazendas.

A causa de durar tanto esta guerra, foi por eles não pelejarem em campo, quando eram acometidos, mas sempre debaixo do mato espesso, cada um ao pé de sua árvore, com o arco armado, aguardando o inimigo que o vem buscar, em ser visto antes nem depois de empregar sua flecha. E também porque, como os índios que conosco têm comércio não entediam a língua deles, não havia esperança de concerto e de pazes.

E assim chegaram estas duas Capitanias a ponto de se acabarem de todo; e de fato, os mais dos moradores delas, que tinham alguma fazenda, largaram a terra, e se foram a viver em outras partes. E o mesmo perigo corria esta Capitania da Bahia, porque já alguns homens tinham largadas fazendas e alguns engenhos, e eles vinham ganhando terra. Com a flecha e medo dela, no distrito desta cidade.

Neste aperto, quando todo remédio humano faltou, acudiu o do Céu por meio de uma escrava cristã da mesma nação, à qual vindo à fala com os seus, os desenganou que os nossos quando tomavam alguns dos seus, na guerra, não os comiam, antes que eles perdiam muito por não tratarem com os portugueses. Estas e outras semelhantes palavras desta índia, tomou Deus para começar a mudar e abrandar os corações deste bravo e feroz gentio, para que se fiasse de nós; e finalmente os aimorés mais vizinhos, se vieram em grande número, cantando e bailando, e abraçando a quantos homens achavam pelas ruas e sendo de todos mui bem agasalhados. Sucederam estas pazes e geral benefício de Nosso Senhor, para todo o Estado, no ano de mil e seiscentos, governado esta cidade, o Capitão-mor Álvaro de Carvalho, que fez muito na conservação delas. No qual tempo o governador geral Dom Francisco de Sousa, por ordem de S. Majestade andava na Capitania de São Vicente, ocupado no descobrimento de novas minas de ouro e outros metais. A boa correspondência ainda dura de ambas as partes, com esperança de que se tornarão a melhorar aquelas duas capitanias, nas quais também estão as pazes celebradas.

Para este efeito e principalmente para ajudar a salvar algumas almas deste gentio, alguns padres da Companhia começam aprender a língua deles, e já os ajuntam em aldeias, e instruem na fé e comunicam o santo batismo, pela qual porta a Divina Providência tem já muitas almas recolhidas em sua glória, ao menos de inocentes e adultos in extremis. E com este gosto tempera Deus Nosso Senhor, a falta das humanas consolações, que nesta e semelhantes empresas padecem por estas partes os filhos da Companhia, que tem tudo por bem empregado, por ajudarem a salvar ainda que não fora mais que uma só alma, por saberem que nisto contentam aquele Senhor que tanto nos tem merecidos, estes e maiores serviços.

Capitania do Espírito Santo

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A Capitania do Espírito Santo, é uma das principais deste Estado. Está em vinte graus para o sul, cento e vinte léguas da Bahia, e oitenta do Rio de Janeiro. Foi povoada por Vaco Fernandes Coutinho, Governador e Senhor dela, na era de mil quinhentos e trinta e cinco anos.

Daí a muitos tempos enviou o Padre Manuel da Nóbrega, sendo Provincial, alguns padres, os quais foram recebidos com muito amor e agasalho. Deram-lhes sítio para casa e cerca, e nele fundaram a Igreja da invocação do Apóstolo Santiago Maior, com os mistérios que a Companhia exercita de pregar, confessar, fazer doutrinas na Igreja e ensinar os meninos na Escola, e iniciar a gente à devoção, e a freuqentar os Sacramentos. Fizeram nos moradores muito serviço a Deus, e não menos no gentio, com o qual residem outros padres em quatro aldeias, e às vezes mandam buscar os parentes deles, e outras vão em pessoa a buscá-los a mais de cem léguas, por caminhos mui ásperos e não seguidos, em que padecem muitos trabalhos de fome e sede, e outros perigos da vida, sem deles pretenderem mais que a salvação de suas almas e a Glória de Deus.

O mesmo que dizemos desta Capitania, acerca dos ministérios que nela exercitam os padres e do fruto espiritual que o povo recebe, se há de entender também das outras de que vimos falando.

Esta casa e Igreja nossa, daí há muitos anos foi enriquecida com uma insigne relíquia de um osso do mártir São Maurício, por cuja intercessão Deus Nosso Senhor, faz naquela terra mui insignes e evidentes mercês, e agora haverá obra de dois anos, sendo Superior o Padre Manuel Fernandes, se acrescentou o tesouro das santas relíquias na mesma casa, com um dente do glorioso Apóstolo Santiago, enviado pelos nossos padres do Colégio de Santiago de Galiza com seu instrumento autêntico.

Capitania de São Vicente

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A Capitania de São Vicente, está do Rio de Janeiro para o sul quarenta léguas, em vinte e quatro graus, a primeira que nesta província se povoou; foi dela senhor, Martim Afonso de Souza, e o são hoje seus herdeiros.

Tem em si uma ilha, e muita terra para o sertão, com cinco vilas. A primeira é a de São Vicente, situada em uma das barras da Ilha. A segunda, Santos, na outra barra, com sua fortaleza. A terceira de Nossa S. da Conceição, pelo nome da terra, de Itanhaém, dez léguas abaixo da praia, que é dura e muito esparcelada. A quarta, a Vila de S. Paulo, ou Piratininga, obra de quinze léguas da Ilha de São Vicente, pela serra e sertão adentro, serra fragosa de subir, mas depois de estarem em cima de tudo são campos, com pouco arvoredo, e rios mansos e plácidos; a terra em partes é escalvada, com sinais de minas e metais de toda a sorte, mas o que até agora está descoberto, não é mais que ferro e ouro de lavagem. A quinta Vila se chama de S. Amaro, que tem Capitão por si, por ser no princípio de outro senhor que era Pero Lopes, irmão de Martim Afonso de Souza.