DECAMERON (coletânea de contos satíricos do ficcionista italiano Boccaccio)
O Decameron ("dez dias", em grego) é um conjunto de cem historinhas, em italiano chamadas de "novelle" (de novas, pequenas notícias: não confundir com o gênero atual da televisão → Novela), de autoria do florentino Giovanni Boccaccio, publicadas em 1350. O autor imagina que dez jovens, três moças e sete rapazes, para fugirem à peste que assola Florença, se refugiam numa colina e, durante dez dias (daí o nome da coletânea), passam o tempo contando histórias que, na sua maioria, não passam de piadas ampliadas. Os temas são os mais variados, misturando-se cenas de amor idílico com narrações escabrosas sobre o erotismo dos clérigos. Enfim, é a descrição de quadros de vida da Florença trecentista, feita por um artista da palavra, de uma forma refinada e livre de qualquer preconceito religioso ou moral. Estamos no fim da Idade Média (→ Medialismo), já prenunciando o espírito da Renascença européia. Os contos de Boccaccio retomam a linha da narrativa satírico-picaresca dos autores latinos Petrônio (Satíricon) e Apuleio (Metamorfoses ou "O Asno de Ouro"). E Boccaccio, por sua vez, se torna o mestre do inglês Chauser (1340–1400: Os Contos de Canterbury) e de todos os outros autores que cultivaram a narrativa curta de cunho realístico e humorístico, nas línguas modernas do Ocidente. O Cinema aproveitou várias histórias satíricas do Decameron. Famosa é a película Boccaccio’70, que aproveita quatro contos, cada qual dirigido pelos melhores Diretores da época (Federico Fellini, Luchino Visconti, Vittorio De Sica, Mario Monicelli) e interpretado por divas belíssimas: Sophia Loren, Anita Ekberg, Romy Schneider. Outra belíssima versão cinematográfica da obra de Boccaccio foi realizada por Pier Paolo Pasolini, em 1971: Il Decameron.