DEMOCRACIA (sistema de governo, República) → Política
Democracia é quando eu mando em você,
Ditadura é quando você manda em mim.
(Millôr Fernandes)
A palavra grega demokratía é composta de demos (povo) e krátros (poder), significando o governo exercido em nome da coletividade. Neste sentido, é quase sinônimo do termo "República", que vem de res (coisa) + publica (de todos). No aspecto geral de "coisa pública", portanto, República se identifica com Democracia para indicar o governo de uma nação exercido por representantes do povo, eleitos por um determinado período de tempo (→ Política). O filósofo Platão intitula Democratía ("Republica", em latim) um seu diálogo que trata do governo do Estado, pois, na cultura greco-romana, democracia era igual a república. Realmente, há uma certa semelhança entre o conceito de "política" (administração de uma póleis = cidade) e "público" (interesse do demos = o povo, uma coletividade), pois o que é direito de todos não pode ser usurpado por um (monarquia), nem por alguns (oligarquia). Apenas povos ou grupos sociais, que não tenham bem desenvolvida uma consciência de cidadania ou que não gozem do direito da liberdade de sentir, pensar e agir, podem suportar governos despóticos. A nosso vê, é incorreto e falso chamar de "República" sistemas de governo não democráticos, tipo URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) ou RAU (República Árabe Unida). "Republicano" é o adjetivo que deve qualificar apenas um sistema democrático, fundamentado num pluripartidarismo, cujos governantes são escolhidos pelo voto livre e direto. Qualquer forma de Democracia (representativa, social etc.) deve ter por base a soberania popular, a liberdade eleitoral e a divisão dos três poderes (legislativo, judiciário e executivo), não podendo admitir a perpetuação e a transmissão do poder por direito teocrático, de hereditariedade ou pela força das armas (→ Absolutismo). Afinal, quem faz a riqueza de uma Nação não é Deus, o Rei, o Presidente ou o General, mas o povo com seu trabalho e com seus impostos. É justo, portanto, que seja o povo a escolher livremente seus representantes. Acontece, porém, que nos países subdesenvolvidos a grande massa popular não tem consciência dos direitos de cidadania e se deixa facilmente manipular por líderes carismáticos ou por grupos econômicos (→ Cultura). Nenhuma democracia funciona sem "meritocracia", o sentimento de justiça que faz com que cada qual ganhe conforme sua competência. É por isso que ainda hoje, após cerca de 24 séculos, o estado democrático ocidental apresenta o mesmo funcionamento descrito por Platão: "a Democracia, uma forma charmosa de governo, cheia de variedade e desordem, dispensa um tipo de igualdade para iguais e desiguais igualmente". Mas, como afirmou o arguto estatista inglês Sir Winston Chrchill (1874–1965), "a democracia é a pior forma imaginável de governo, à exceção de todas as outras que foram até agora experimentadas".