FEDRA (Personagem mítica e trágica, esposa do herói Teseu)
Como Ariadne, nasceu de Minos, rei de Creta, e de Parsífae, e, como a irmã, casou com o herói argonauta Teseu, quando este, já velho, tinha um filho jovem e bonito, Hipólito. O moço, filho da amazona Antíopa e devotado à deusa da caça, a virgem Diana, desprezava a paixão amorosa, não prestando culto a Afrodite (→ Vênus). A deusa, então, para punir a arrogância de Hipólito, fez com que a madrasta se apaixonasse perdidamente pelo lindo enteado. E, quando Fedra lhe revelou o ardente desejo sexual, Hipólito a repudiou, dizendo que nunca trairia a confiança do pai, o grande herói Teseu. Da cólera à vingança foi um breve passo: Fedra, por uma carta, acusa o enteado do crime que o rapaz não quisera cometer. O velho herói pediu ao deus Netuno que castigasse seu filho pelo grave pecado cometido. Hipólito é executado e Fedra se enforca. A partir do mito sobre o triângulo amoroso Perseu/Fedra/Hipólito, vários dramaturgos elaboraram peças, ora focalizando a arrogância de Hipólito, ora o drama da fraqueza humana de Fedra, ora recorrendo ao arquétipo psicanalítico da paixão incestuosa. Dos clássicos Sófocles e Eurípides, pelo neoclássico Racine, chegamos a moderno Eugène O’Neill: sua peça, Desire unter the elms, foi convertida no filme homônimo (no Brasil, com o nome simples de Desejo) pelo diretor Delbert Mann, em 1958, com a interpretação de Sophia Loren e Antony Perkins nos papéis principais. Também aqui,a jovem esposa se apaixona pelo enteado e mata o próprio filho, quando se sente rejeitada, misturando o mito de Fedra com o de Medeia. Outro filme famoso e mais recente (1994), inspirado nos dois mitos gregos, é Assédio Sexual, de 1994, dirigido por Barry Levinson e estrelado por Michael Douglas e Demi Moore: a bela executiva Meredith Johnson, sendo rejeitada pelo seu subordinado Tom Sanders, por vingança, tenta destruir a carreira do colega fiel à sua esposa, acusando-o daquilo que ele não quisera fazer, movendo contra ele um processo por assédio sexual, invertendo, assim, os papéis de sedutora à vítima seduzida. Além do Cinema, a personagem Fedra inspira o Teatro da Ópera (a homônima tragédia coreográfica de Jean Cocteau: Paris, 1950), a Televisão (a novela "O Clone" da TV Globo), a Dança moderna (Fedra, de Martha Graham, em 1962).