LENDA (conto popular, história fantástica) → Mito
A palavra lenda vem do latim legenda, forma gerundiva do verbo legere (ler), que na Idade Média (→ Medievalismo) se substantivou. O nome feminino legenda significa, etimologicamente, "o que se deve ler". Esse substantivo passou a denominar o relato da vida dos santos e mártires da igreja católica, exemplos de vida a serem imitados pelos cristãos. A primeira coletânea foi publicada pelo abade francês Jacques de Voragine, no século XIII, com o nome de Legenda Sanctorum. O sentido etimológico do nome já sugere a disposição mental: a imitação. As hagiografias devem ser lidas para que se imitem as virtudes dos heróis religiosos. Está aqui uma das diferenças entre o Mito e a lenda: a história mítica, ligada profundamente a entes sobrenaturais, tem como atitude mental a crença; enquanto o relato legendário tem como heróis seres humanos cujo alto valor cívico ou espiritual estimula a imitação. Outra diferença consiste no fato de que a lenda se origina a partir de um fato histórico, embora sua veracidade, com o passar do tempo, seja transfigurada pela imaginação popular. Geralmente, como se depreende do sentido do adjetivo "lendário", chama-se lenda ao fato historicamente não comprovado. Lembramos algumas lendas mais famosas: da Fundação de Roma por Rômulo e Remo; da edificação de Lisboa pelo herói grego Ulisses, de quem leva o nome; da introdução do Cristianismo na Inglaterra pelo rei Artur e os Cavaleiros da "Tavola Redonda" (→ Graal); as várias lendas sobre a luta entre cristãos e muçulmanos: Carlos Magno e os Paladinos da França, especialmente sobre Roland (início do séc. IX) e os heróis cristãos das várias Cruzadas, entre o fim do século XI e meados do século XIII. Outra peculiaridade da lenda é sua localização no espaço e no tempo, diferentemente do mito e do conto popular, cujas origens são geográfica e cronologicamente indeterminadas.