MARINO (poeta italiano, "marinismo") → Barroco
Gianbattista Marino (1569–1625) foi o maior poeta do Barroco italiano, dando origem a uma nova moda literária. Na Itália, terra de origem do movimento artístico que mais tarde se denominou Barroco, o novo estilo, que se sucedeu à Renascença, estava inicialmente relacionado com as artes plásticas, especialmente com a arquitetura, manifestando todo um aspecto lúdico e sensual da existência, que se exprimiu no vestuário, nas perucas, na etiqueta, enfim numa nova concepção de beleza. No campo das Letras, a nova escola poética, chamada de "marinismo", influenciou a poesia preciosa da Itália e de outros países da Europa, especialmente França, Espanha e Alemanha. A produção poética de Marino está reunida no Adônis, poema mitológico que descreve os amores de Vênus com o personagem-título; na Lira, coletânea de líricas amorosas, morais e religiosas; na Galeria, descrição lírica de objetos artísticos (quadros e estátuas); na Zampogna, coletânea de poemas bucólicos. Ele insurge-se contra as leis rígidas do classicismo renascentista, procurando imagens desmesuradas e extravagantes, e exprimindo-se numa linguagem pomposa, impregnada de sutilezas e de metáforas descomunais. A sensualidade de seus versos, a tendência ao descritivismo e o artificialismo engenhoso são as características principais da sua obra poética. Ele tenta inovar também na temática, introduzindo tipos femininos de baixo nível social (a mendiga, a operária, a prostituta) e recorrendo à representação de fatos sociais cotidianos e vulgares. Isso tudo com o intento de criar uma nova forma de sensibilidade, fundamentada no princípio do "estranhamento", conforme o poeta declara no dístico que se tornou famoso:
É del poeta il fin la maravigIia:
chi non sa far stupir, vada alla striglia.
(A finalidade do poeta é criar maravilhas:
quem não souber estupefazer, que vá se foder).
Pena que essa poética da maravilha esteja ao serviço de um vazio semântico. Os versos musicais e elegantes de Marino e de seus seguidores (os "marinistas") proporcionam apenas um prazer estético, não levando o leitor à reflexão sobre problemas essenciais do ser humano, função também importante da verdadeira obra de arte.