"Se descreves o mundo como ele é na realidade,
não haverá em tuas palavras senão mentiras"
A arte literária da Rússia se abriu ao conhecimento da Europa ocidental a partir da época do Realismo. Além de Tolstoi, outros ficcionistas famosos (Gógol, Turgueniev, Dostoievski, Gorki), embora de tendências diversas, encontraram seu ponto de convergência na crítica à sociedade de seu tempo. Mas o maior expoente do Realismo crítico russo é o conde Leon Tolstoi (1828–1910). Suas mais importantes obras são Guerra e paz e Ana Karenina. O primeiro romance é um vasto painel histórico da União Soviética e da Europa da época de Napoleão. O núcleo central do volumoso trabalho de ficção é a invasão da Rússia pelo exército francês e a heróica resistência do povo russo. Pela nobreza da ação fabular (salvação da pátria invadida pelo estrangeiro), pela condição social dos protagonistas (aristocratas da época) e pelo estilo elevado, a obra é considerada a epopéia da Rússia. Mas, ao lado das características da Épica, encontramos a descrição de uma longa galeria de tipos humanos variados (camponeses, soldados, pequenos burgueses, estrangeiros, religiosos etc.), que fazem com que a visão realista da vida se sobreponha à função idealizadora da epopéia. O outro romance citado tem por tema o amor adúltero e a exploração artística dos conflitos que o adultério causa no espírito da personagem-título, levando-a ao suicídio. Apesar de viver na época do triunfo das teorias do Realismo e do Naturalismo, Tolstoi não é um idolatra do Cientificismo. Sua postura é crítica, ressaltando os danos que o progresso científico pode causar, quando não acompanhado pela cultura humanística: "A ciência, que deveria ter por fim o bem da humanidade, infelizmente concorre na obra de destruição e inventa constantemente novos meios de matar o maior número de homens num período mais curto."