A Raposa e as Uvas
Certa raposa esfaimada encontrou uma parreira carregadinha de lindos cachos maduros, coisa de fazer vir agua á boca. Mas tão altos que nem pulando.
O matreiro bicho torceu o focinho.
— Estão verdes, murmurou. Uvas verdes, só para cachorro.
E foi-se.
Nisto deu o vento e uma folha caiu.
A raposa, ouvindo o barulhinho, voltou depressa e pôs-se a farejar...
— Que coisa certa, vóvó! exclamou a menina. Outro dia eu vi essa fabula em carne e osso. A filha do Elias Turco estava sentada á porta da venda. Eu passei no meu vestidinho novo de pintas côr de rosa e ela fez um muxoxo. “Não gosto de chita côr de rosa”. Uma semana depois lá a encontrei toda importante num vestido côr de rosa igualzinho ao meu, namorando o filho do Quindó...
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.