
Brigaram certa vez o jaboti e a piúva.
— Deixa estar! disse esta, furiosa. Deixa estar que eu te curo, meu malandro! Prego-te uma peça das boas, verás...
E ficou de sobreaviso, com os olhos no astuto bichinho, que lá se ria della, sacudindo os hombros.
O tempo corre; esquece o kagado o succedido e um bello dia, distrahidamente, passa ao alcance da piúva.
A rija madeira, incontinente, torce-se, estala e despenca para cima do incauto.
— Toma! Quero vêr agora como te arrumas. Estás entalado sob o meu tronco e, como sabes, sou páu que dura cem annos...
O Jaboty não se deu por vencido. Encorujou-se dentro da casca, cerrou os olhos como para dormir e disse philosophicamente:
— Pois como eu duro mais de cem annos, esperarei que apodreças...
A paciencia dá conta dos maiores obstaculos.


Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.

