Fabulas de Narizinho/A piúva e o jaboti

A piúva e o jaboty

Brigaram certa vez o jaboti e a piúva.

— Deixa estar! disse esta, furiosa. Deixa estar que eu te curo, meu malandro! Prego-te uma peça das boas, verás...

E ficou de sobreaviso, com os olhos no astuto bichinho, que lá se ria della, sacudindo os hombros.

O tempo corre; esquece o kagado o succedido e um bello dia, distrahidamente, passa ao alcance da piúva.

A rija madeira, incontinente, torce-se, estala e despenca para cima do incauto.

— Toma! Quero vêr agora como te arrumas. Estás entalado sob o meu tronco e, como sabes, sou páu que dura cem annos...

O Jaboty não se deu por vencido. Encorujou-se dentro da casca, cerrou os olhos como para dormir e disse philosophicamente:

— Pois como eu duro mais de cem annos, esperarei que apodreças...


A paciencia dá conta dos maiores obstaculos.

Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.


Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.