O Livro de Esopo/A aguia e o cágado

XIV. [A aguia e o cágado]

[Fl. 10-v.][C]omta-sse que hũa aguya leuaua hũu cáguado, com os pees, no haar, e nom ssabia como o comesse. E assy estamdo, ssaltou peramte ella hũa gralha e disse aa dita aguia:

— Queres que te dê hũu bom comsselho? Aleuamta-te bem em çima no aar e abre as hunhas e leixa cayr esse cáguado: e cairá em terra, e quebramtar-sse-ha, e emtom o poderás comer, ca he muy ssaboroso de comer.

E a aguia feze-o assy. E pella limguoa da gralha morreo ho cáguado.




Em aquesta hestoria o doutor ameestra os homẽes, que deuem temperar ssuas linguoas, e nom as deuem teer ssem freo, pollas quaaes póde proçeder dapno e escamdalo a sseu proximo, porque da linguoa que nom he temperada sse sseguem arroydos e mortes de homẽes e outros jmfijmdos males. E hũu proberbio diz:

A limguo nom ha osso,

Mais rrompe o dosso.