JUIZOS CRITICOS

a paisagem familiar do Rio. Que o mal de viver não emmudeça esse raro e doloroso artista, que conhece o segredo da arte literaria—, escrever nas entrelinhas.

FABIO LUZ:

«Nenhuma lição de moral pratica é mais efficaz do que a cortante ironia, satyrisante e cruel, do revoltado Lima Barreto, mixto de Heine e Max — Twain — que ninguem sabe como tem vagares para escrever paginas de tão perfeita observação, no apparente desregramento de sua vida, despreoccupado das conveniencias sociaes, perambulando constantemente pela cidade, parecendo indiferente ao mundo, que o cérca, e armazenando, como em placas photographicas, todos os variados aspectos da vida social carioca, principalmente carioca, representação sublimada da vida brazileira.»

PEDRO COUTO:

«Lima Barreto faz do romance não uma obra de ficção em que o mundo real só entre como modelo imprescindivel aos exageros que a arte impõe, mas sim, um meio de critica social, um processo de analyse intenso e por vezes doloroso, tal a sua verdade, dos costumes e dos homens de seu tempo.»

JOSÉ SATURNINO BRITTO:

«No romance de Lima Barreto ha mais a considerar a maneira com que a principal personagem (Isaias Caminha) ganha vulto de pagina em pagina, pungida de uma nobre magua que, ao envez de abatel-a, ergue-a solemne, philosophicamente, movida pela mola do genio, não sem provocar-lhe nos nervos revoltas capazes de esbordoar villões, ora a tornal-a perplexa, presa a um máo estar que lhe ameaça de anniquilar a acção, diante do gratuito insulto social, do ignobil desproposito entre os individuos d’uma terra onde o criterio é incerto, perante a humanidade que não soffre consequencias moraes da raça, porém que só depende da luz d’um espirito que é o mesmo debaixo de todos os céos.»

JAYME ADOUR DA CAMARA:

«No seu recente livro O Romance no Brasil, Paulo de Gardenia, classificou Lima Barreto — espirito irmão na mordacidade discreta, ao lado de Anatole France; e se assim o fez, o critico não obedeceu senão a um criterio verdadeiro, pelo menos mostrou