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rosto uma certa, ruga que indicava uma espantosa estupidez. Não havia melhor marinheiro do que elle. Não havia reputação de religiosidade e integridade maior que a sua. Quem o suspeitasse é que era suspeito. Travara amizade com o Sr. Rebuchet, cambista em S. Malo, rua de S. Vicente, ao lado do armeiro, e o Sr. Rebuchet costumava dizer que confiaria a sua fabrica a Clubin. O Sr. Clubin era viuvo. A mulher foi tão honesta como elle. Morreu com a fama de uma virtude invencivel. Se o bailio lhe fizesse uma declaração ella iria conta-lo ao rei, e se Nosso Senhor se apaixonasse por ella iria contal-o ao padre vigario. O casal Clubin realizou em Torteval o ideal do epitheto inglez respectable. A Sra. Clubin era o cysne; o Sr. Clubin era o arminho. Morreria se lhe puzessem uma nodoa. Nunca achou um alfinete que não fosse logo á cata do proprietario. Era capaz de pôr em almoeda uma caixa de phosphoros se acaso a tivesse achado na rua. Entrou uma vez em uma taberna em Saint-Servan e disse ao taberneiro: almocei aqui ha tres annos e você enganou-se na conta; e dizendo isto restituio ao taberneiro 75 centimos. Era uma grande probidade, mordendo attentamente os beiços.

Parecia estar sempre á espera. De quem? Provavelmente dos velhacos.

Todas as terças-feiras levava a Durande de Guernesey a S. Malo. Chegava a S. Malo na terça-feira á noite, demorava-se dous dias para fazer o carregamento, e voltava a Guernesey na sexta-feira de manhã. Havia então em S. Malo uma pequena hospedaria, situada no porto, que se chamava a pousada João.