ARCADISMO (Arcádia, movimento literário do séc.XVIII) → Academia
O nome vem de "Arcádia", região da Antiga Grécia, habitada por pastores que, segundo a lenda, viviam em completa integração com a natureza. Na Era Moderna, chamou-se de Arcadismo à moda literária que dominou na Europa durante a primeira metade do séc. XVIII. Foi a última tentativa de retomada dos princípios estéticos e ideológicos do Classicismo, afirmando especialmente o cânone da verossimilhança, violentado durante a época do Barroco. Em 1690, em Roma, é fundada a academia "Arcádia" por um grupo de poetas decididos a lutar contra a moda estética do marinismo (→ Marino), entre os quais se destacou Pietro Metastasio. A função da academia era realizar conferências literárias e censurar as obras dos membros, com o fim de depurar os textos poéticos dos exageros do estilo barroco. Seu lema era: Inutilia truncat ("eliminar os adornos inúteis). A proposta da nova poética era cantar a beleza e a calma da natureza, em contraste com a vida agitada da cidade. A temática bucólica e idílica é retomada das composições poéticas do grego Teócrito, do latino Virgílio e do renascentista Sannazzaro, o qual, em 1504, escrevera um longo poema intitulado Arcadia, em homenagem à mítica região da Grécia. A natureza exaltada pelos árcades não é autêntica, mas artificial, idealizada, mais fruto de leitura e de imaginação do que de contacto real com a vida do campo. Aliás, todo o movimento arcádico foi impregnado de convencionalismo. Os membros da academia chamavam-se "pastores" e ‘‘pastorinhas"; adotavam pseudônimos gregos e tomavam por protetor o menino Jesus, porque fora adorado por pastores. A linguagem era toda ela extraída da vida campestre: os leitores eram chamados "rebanho", a biblioteca era "a pastagem", os iniciados chamavam-se "cordeiros". Os elementos típicos do Arcadismo italiano têm muito em comum com o estilo "rococó" francês: culto sensual da natureza, elegância, linguagem melódica, frivolidade, afetação, sentimentalismo. Da Itália, o movimento arcádico se espalhou pelos países de língua românica, tendo bons cultores especialmente em Portugal (→ Bocage) e no Brasil, onde a "inteligência" francesa, formada pelos escritores ligados ao Iluminismo e à Enciclopédia, e o estilo artístico do Arcadismo italiano e português lançaram as bases estético-ideológicas da primeira grande escola de poesia em nossa terra: o lirismo dos inconfidentes mineiros. Cláudio Manuel da Costa (1726–1789), Tomás Antônio Gonzaga (1744–1810), Inácio José de Alvarenga Peixoto (1744–1792) e Manuel Inácio da Silva Alvarenga (1749–1814) constituem uma plêiade de poetas líricos que divulgam na colônia motivos e formas estéticas do Neoclassicismo europeu, inspirando-se em grandes poetas: Petrarca, Camões, Tasso, Metastásio. Sua originalidade reside na adaptação do movimento arcádico à realidade brasileira.