CONFÚCIO (Mestre chinês: I Ching, Lao-tse, Taoísmo) → Buda
"A nossa glória não está em nunca cair,
mas em levantar toda vez que caímos".
Chamado "Venerável Mestre Kung", Confúcio, viveu na China entre o séc.VI e V a.C. (551–479). Diferentemente de Buda, o sábio indiano seu contemporâneo, Confúcio era mais filósofo e pedagogo do que religioso e pregador, sem nenhuma preocupação metafísica. Seus pensamentos nos foram transmitidos pelos discípulos, numa coletânea de aforismos (Analectos: c. séc.IV a.C.), estando centrados na idéia de que duas coisas são fundamentais: o aperfeiçoamento de si próprio e o conhecimento da realidade. "Quem não sabe o que é a vida – ele perguntava – como saberá o que é a morte?" O enriquecimento interior de cada um se expande ao seu redor e, de pessoa a pessoa, acaba atingindo o universo todo. Ele incentivou o culto aos mais velhos, à família e ao Estado. As virtudes a serem praticadas são a honra, a verdade, a justiça social, o altruísmo e a beneficência. Mais importante do que tudo é o amor ao trabalho bem executado, cada qual tornando-se útil à comunidade. Com a difusão da civilização chinesa, essa moral severa e conservadora do "confucionismo" se espalhou pelo Extremo Oriente, vigorando ainda hoje, especialmente entre sociedades de cultura chinesa, coreana e japonesa.
Outro Mestre chinês, Lao-tse, também chamado "Laozi", contemporâneo de Confúcio, fundou o Taoísmo, da palavra chinesa tao = "caminho". O Taoísmo é uma religião e uma filosofia de vida, com uma riquíssima liturgia. Sua finalidade é mostrar o caminho correto (tao), a harmonia entre os dois princípios universais, o Yin e o Yang, que leva ao absoluto, pela prática de um severo código de conduta, visando a integração do homem com a natureza. O princípio Yang ("brilho do sol") simboliza a masculinidade, o calor, a claridade, a força, a racionalidade; em oposição ao Yin, que representaria a feminilidade, a lua, o elemento frio, o instinto individual. Isso nos lembra um pouco a oposição entre Classicismo e Romantismo (ou do apolíneo e dionisíaco) na cultura ocidental. O Taoísmo, junto com o Confucionismo, que surgiu quase na mesma época, constitui a religião autóctone da China, que tem suas antigas origens no I Ching (o "Livro das Mudanças": c.1500 a.C.), cuja tradição oral teve início com o prórpio nascimento da China. Trata-se de um dos primeiros esforços da mente humana para encontrar seu lugar no Universo e tentar arrumar as razões para explicar fenômenos e comportamentos. Enquanto a doutrina taoísta está mais ligada à religiosidade, o Confucionismo se configura como um código educacional. Mas, apesar das diferenças entre si, os dois movimentos ético-religiosos chineses estiveram sempre em luta contra credos e filosofias estrangeiras. O principal rival do Taoísmo e do Confucionismo foi o Budismo, que da Índia se estendeu pela China a partir do séc.I d.C., tendo seu apogeu entre o séc. VII e o IX. Para derrubar seu poderio, taoístas e confucionistas reuniram-se e, através de perseguições sangrentas, conseguiram debelar as forças da religião estrangeira. O Budismo, todavia, deixou marcas profundas na sua cultura, a ponto de se falar de "budismo chinês" → Buda.