DETERMINISMO (corrente filosófica) → Positivismo → Realismo
No decorrer da história da filosofia, várias vezes e em diferentes modalidades, foi apresentada a tese de que as ações humanas e os acontecimentos do universo são determinados pelo princípio da causalidade: as leis físicas, químicas e biopsíquicas ocasionariam fenômenos, fatos e comportamentos, independentemente de uma vontade divina ou humana. Mas tal concepção mecanicista do universo, que nega o livre-arbítrio, teve amplo sucesso apenas no seio da doutrina positivista que dominou a cultura durante a segunda metade do século XIX. Foi o historiador e crítico literário francês Hipólito Adolfo Taine (1828–1893) que apresentou a famosa tese da tríade "raça, meio e momento" como condicionante do comportamento humano e, por extensão, da confecção artística da personagem de ficção. A conduta de um ser real ou imaginário seria determinada pela tríplice ação da hereditariedade (→ Genética), que transmite caracteres, tendências, taras; do ambiente (→ Espaço) em que a pessoa ou a personagem vive; do momento histórico (→ Cronos), que oferece as circunstâncias existenciais, desconsiderando o fator do livre arbítrio. Com referência à importância da hereditariedade na formação do caráter, é conveniente citar a contribuição do médico e criminologista italiano Cesare Lombroso (1835–1909). Sua tese sobre o "criminoso nato" teve muito sucesso na época. Segundo ele, algumas pessoas nascem com estigmas físicos e psíquicos tais que é impossível sua recuperação, chegando a tentar demonstrar que até a conformação craniana de um marginal é diferente da do homem normal. Sua obra mais conhecida é O homem delinqüente. O Determinismo, além de uma doutrina filosófica e científica, é também uma postura religiosa. Sant’ Agostinho, estudando a relação entre Graça divina e livre arbítrio, chegou a pensar que ninguém poderia se salvar sem a vontade de Deus. Pensamento não muito distante do de outro religioso, Mahatma Gandhi (→ Hinduísmo), que afirmou: "aquele que Deus quer salvar pode fazer o que quiser e será preservado". Esta concepção de um Deus fatalista, injusto, caprichoso acaba negando a própria essência da divindade. Há fanáticos que se conformam com o "Maktub", renunciando à luta pelo descobrimento da verdade e pelo avanço civilizacional.