CRONOS (deus do Tempo, Saturno em Roma, cronologia)
"Aprenda de ontem,
viva para hoje,
tenha esperança no amanhã" (Einstein)
O Krónos grego, equivalente ao Tempus latino, é uma categoria da nossa mente, que nos faz distinguir o "agora", em relação a um passado ou a um futuro. Sua essência é indefinível, pois não sabemos se existe independentemente da realidade exterior (tempo absoluto) ou se é apenas uma ilusão, um produto da nossa consciência, que nos faz imaginar como real algo que é apenas a memória do que foi ou a expectativa do que poderá ser (tempo subjetivo). Mas, independentemente das teorias sobre sua natureza, o conceito de tempo está envolvido profundamente na nossa existência, sendo objeto de estudo de várias áreas de conhecimento: Mitologia, Filosofia, Psicologia, Matemática, Astronomia, Artes (Literatura e Cinema). A ele estão relacionados termos como diacrônico, anacrônico, sincrônico. Do grego diá ("através de") e Krónos ("tempo"), o termo diacronia e seu antônimo sincronia foram utilizados por F. de Saussure, o pai da Lingüística moderna, para explicar o caráter dos fenômenos da linguagem humana em sua evolução. Mas é evidente que o conceito de diacronia pode ser aplicado a todas as áreas do conhecimento, pois nada está imune à ação do tempo. O estudo diacrônico da cultura enfrenta problemas e controvérsias, tanto quanto a análise sincrônica ou estrutural, que se interessa apenas pelo objeto em si, independentemente do tempo e do espaço. No que toca a civilização ocidental, para termos um parâmetro da evolução da cultura através dos tempos, podemos adotar como base a divisão tradicional da Literatura em três Idades (ou Eras), cada qual englobando várias Épocas ou Períodos. Já o conceito de "movimento" é diferente do de época. A definição de uma "época" é determinada apenas por uma sucessão temporal, sem critérios estéticos ou ideológicos definidos. De uma forma quase aleatória, ora se recorre a rótulos políticos (época elisabetana), ora a momentos históricos, que podem incluir uma década (geração de 30) ou um milênio (Idade Média), ora a motivos culturais (Renascença), ora a critérios puramente artísticos (estilo rococó). E há muitas divergências também: tradicionalmente, a Idade Moderna começa com a Renascença (séc. XV), mas alguns críticos recuam seu início até os primeiros documentos escritos nas línguas modernas (séc. XI); o Barroco, para alguns, é uma continuação do Renascimento, para outros é uma oposição à estética clássica, e assim vai. Diferentemente, o conceito de movimento, do verbo "mover", cujo sema remete a remexer, modificar, alterar, subverter, indica não apenas uma sucessão no tempo, mas também uma revolução, uma revolta em relação aos cânones estéticos e aos conteúdos ideológicos do período anterior. Assim, por exemplo, o Romantismo é realmente um "movimento" cultural, pois surge como manifestação consciente de oposição à concepção de vida e de arte do movimento anterior, o Classicismo, que pode ser dividido em várias "épocas": Renascença, Barroco, Arcadismo. Mas as Idades (Antiga, Média e Moderna) e as épocas culturais (grega, romana, medieval, renascentista, barroca, romântica, realista, simbolista, modernista e contemporânea) serão analisadas em verbetes específicos. Cabe aqui relevar, com um olhar globalizante, que, à margem das variedades de estilos e de significados que caracterizam cada período cultural, podemos discernir duas constantes, que se repetem e ligam entre si vários momentos históricos. Com fundamento na oposição formulada por Nietzsche entre espírito "apolínio" (Apolo) e espírito "dionisíaco" (→ Dionísio), correspondente ao superconsciente e subconsciente freudiano (→ Freud), podemos verificar a existência de uma alternância de formas e conteúdos relacionados com o código "cultura" (exaltação do social) e formas e conteúdos relativos ao código "natureza" (exaltação do indivíduo). Alternância semelhante já fora intuída pelo filósofo napolitano Gianbattista Vico que, na sua obra Ciência Nova, apresenta a tese dos "cursos e recursos" históricos: a evolução dos povos não progride de uma forma linear, mas cíclica, passando da idade "divina" período primitivo, fantástico, para a fase "humana", época de reflexão, de racionalidade, podendo retornar outra vez à fase primordial. Tal teoria explicaria por que nações de apurada civilização voltaram à barbárie (Egito, por exemplo). O código cultural caracteriza um tipo de arte que o crítico russo Mikhail Bakhtine chama monológica (uma voz só, conservadora), por ser a expressão dos anseios de um grupo social que acredita nos valores humanos e na possibilidade do conhecimento da verdade, bem como no triunfo dos valores que compõem a ideologia social (ordem, beleza, poder, dinheiro, amor, justiça, bondade etc.); já o código natural, contrariamente, caracteriza um tipo de arte dialógica (pluralidade de vozes, contestatória) ou "carnavalizada", expressão da revolta do indivíduo contra a fixidez dos cânones estéticos e contra a opressão das injunções sociais, morais e religiosas. Na mesma linha de pensamento, mas com uma terminologia diferente, Umberto Eco distingue os cientistas, filósofos e artistas "integrados" dos "apocalípticos". A história da cultura no Ocidente apresentaria, então, duas linhas de força, herdadas da civilização greco-romana, cuja predominância se alternaria ao longo da sucessão das várias épocas: o espírito dionisíaco estaria mais presente na Idade Média, Barroco, Romantismo e Simbolismo, enquanto o espírito apolíneo prevaleceria na Renascença, Arcadismo, Neoclassicismo e Realismo. No Modernismo encontraríamos a confluência das duas tendências.
Na Mitologia: os gregos, na tentativa de explicar a sensação do tempo, criaram o mito de Cronos (que deu origem aos termos cronologia, cronograma, cronômetro, sincrônico, diacrônico, anacrônico), divindade correspondente ao latino Saturno. Ele pertence às chamadas "divindades primordiais", forças misteriosas criadoras do Universo, que precederam o surgimento de Júpiter, o pai de todos os deuses, com quem começa a "história" da Mitologia grega. Filho de Urano (Céu) e de Gaia (Terra), Cronos (Saturno), casado com a irmã Réia (Cibele), devorava cada uma de sua própria prole ao nascer, na tentativa de esconjurar o oráculo que predissera que ele seria destronado por um dos seus filhos. Ajudada por Gaia, Cibele resolveu dar um fim ao infanticídio sistemático, enganando o marido: ofereceu-lhe para comer uma pedra, em lugar do último fedo. Nasceu, então, Zeus (Júpiter) que, destronando o pai, se tornou o todo poderoso Senhor do Olimpo. Cronos simboliza o Tempo, a entidade impiedosa que devora o passado e começa sua implacável cavalgada rumo ao futuro, que é a morte. A iconografia o representa com uma foice afiada, a arma de que se serviu para cortar os testículos do pai Urano, símbolo da fixação no passado, do conservadorismo. Mas o fluxo da continuação do mundo é irrefreável: o sangue e o sêmen do deus Céu escorrem sobre a terra e sobre a água e mais uma vez a natureza é fecundada: suas genitália, caindo no mar, abrem-se e formam uma alvíssima espuma, da qual emerge Afrodite (Vênus), a deusa da beleza e da paixão amorosa. O Tempo, imaginado como o fluir da existência de todas as coisas, tem como destino final a morte, da qual só escapam os entes imateriais, não compostos de partes, os seres espirituais, os deuses. Apenas a Eternidade, enquanto pura espiritualidade, pode vencer o Tempo, visceralmente ligado à materialidade. Da mitologia para a sabedoria popular:Tempus fugit irreparabile ("O tempo foge sem retorno"), diziam os antigos romanos. E o poeta Milton constrói uma imagem belíssima a respeito da fugacidade do tempo, que leva embora primeiro o que é mais bonito: "a rosa vive uma hora e o cipreste cem anos".
Na Filosofia: a questão de definir a natureza da categoria "tempo" intrigou os melhores pensadores, do idealista Platão ao existencialista Heidegger. Sant’ Agostinho, filósofo e Padre da Igreja Católica, em suas Confissões, reconhece que a noção do tempo é algo paradoxal:
"Eu sei o que é o tempo, mas sei-o só quando não tenho de dizê-lo:
quando não mo perguntam, sei-o;
quando mo perguntam, não o sei".
Platão, no diálogo Timeu, ao definir o Tempo como "a imagem móvel da Eternidade", sugere a idéia de um tempo que passa como manifestação de uma Presença que não passa. Filósofos posteriores chegaram à formulação de duas categorias temporais: 1) o tempo "absoluto", que é eterno, pois não depende de eventos físicos, preexistentes à natureza, fluindo de uma forma constante e direcional, sem relacionar-se com qualquer realidade externa: é o tempo homogêneo de uma ordem matemática; 2) o tempo "subjetivo", relacionado com o espírito humano, com a consciência da realidade: a alma é a verdadeira medida do tempo. O passado é o que persiste na nossa memória, o futuro é a expectativa que temos dos eventos a partir da atenção sobre o momento presente. A integração dos três tempos, presente, passado e futuro, é bem salientada por Nicolau Maquiavel: "para predizer o que vai acontecer é preciso saber o que ocorreu antes".
Nas Ciências: as diversas áreas do conhecimento científico utilizam a categoria do tempo conforme fins peculiares. Assim, temos o tempo sideral, solar, universal, atômico, gramatical, atmosférico, musical, automotivo, informático etc. O calendário (→ Gregoriano) e o relógio são os instrumentos mais objetivos de que a ciência se serve para medir o tempo. Os 365 dias do ano, as 24 horas do dia e os sessenta minutos da hora são exata e democraticamente iguais para todos, ricos e pobres. Um dos Reis da antiga Israel, o sábio Salomão, a quem é atribuído a autoria do livro bíblico Eclesiastes, dizia que há tempo para tudo: tempo para plantar e tempo para colher, tempo para trabalhar e tempo para descansar, tempo para amar e tempo para guerrear. A observação da passagem cíclica do tempo, especialmente dos dias e das estações, leva à reflexão sobre o sentido da vida, que é um suceder-se de nascimento e de morte: todo amanhecer acaba num pôr do sol e este numa nova alva. Felizes são os homens que conseguem gerenciar seu tempo e tirar da sua transitoriedade o melhor proveito, fazendo cada coisa no tempo certo. Nas Artes, especialmente na Literatura, a temporalidade é um importante componente sintático-semântico de qualquer texto. É pela categoria do tempo que se salientam as relações: passado-presente-futuro; e os mecanismos aspectuais: incoativo-durativo-terminativo. Enquanto as artes plásticas são espaciais, a ficção literária é uma arte predominantemente temporal: toda diegese pressupõe um começo, um meio e um fim. Um romance é constituído por um complexo de valores temporais, em que se implicam os tempos do autor, do narrador, do relato, das personagens e do leitor. Para fazer luz no emaranhado das várias determinações temporais, é necessário, primeiramente, distinguir o tempo do discurso ou da enunciação, do tempo da história ou do enunciado. O tempo do discurso é o tempo do plano da "enunciação", que implica na existência de dois momentos temporais, relativos e complementares: o tempo do eu que fala e o tempo do tu que ouve. O relevo do aspecto temporal é mais importante para o estudo do narrador e do narratário, pois são personagens, entidades intratextuais. Analisar o tempo do autor ou do leitor, pessoas externas ao texto, além de muito difícil, não teria tanta relevância: seria pura curiosidade tentar saber quanto tempo levou o autor para escrever determinada obra ou se o leitor gastou um dia ou um mês para ler o texto. Podemos falar, portanto, de tempo do discurso só quando esse tempo está representado dentro da obra, o narrador apresentando-se como narrador, em sua função de locutor, revelada pelo aparelho formal da enunciação (→ Discurso). A relatividade do tempo do narrador e do tempo do leitor deriva do fato de que um pressupõe o outro e os dois tempos se complementam na instância do presente contínuo da enunciação. Com efeito, é o ato da leitura que instaura o ato da escritura e vice-versa. É um pouco como a relação entre pai e filho, onde não há anterioridade de um sobre o outro, porque é no momento que nasce o filho que o homem se torna pai. O tempo da enunciação pode ser linear ou sofrer inversões: é linear quando a narração segue a ordem cronológica dos fatos; é invertido quando o narrador nos diz antes um fato que aconteceu depois ou vice-versa. O primeiro tipo de inversão temporal é chamado de "prolepse": antecipação, no plano do discurso, de um fato que, em obediência à cronologia diegética, só deveria ser narrado mais tarde; o segundo, de "analepse": o início da trama não coincide com o início da fábula; a narração começa pelo meio ou pelo fim e só mais tarde, mediante o recurso técnico-estilístico da retrospecção, o narrador informa o leitor do início dos acontecimentos. Já o tempo da Fábula (→ Mito) é o tempo dos acontecimentos, da história narrada, que pode ser cronológico ou psicológico. O tempo cronológico é aquele que é medido pela natureza, referente à sucessão dos dias, das estações e da existência (manhã, tarde, noite; primavera, verão, outono, inverno; nascimento, juventude, velhice, morte) ou pelo calendário (anos, meses, dias) ou pelo relógio (horas, minutos, segundos). Os valores cronológicos são regidos pelo princípio de causalidade: o hoc post hoc leva naturalmente ao hoc propter hoc, quer dizer, temporalidade e causalidade são dois conceitos que vão quase sempre juntos, sendo difícil distinguir um do outro, mormente em narrativas de grande coerência diegética, preocupadas em criar uma ilusão de realidade, em proporcionar uma informação verossímil. O tempo psicológico, pelo contrário, não é um tempo absoluto, mensurável através de padrões fixos. É o tempo interior à personagem e a ela relativo, porque é o tempo da percepção da realidade, da duração de um dado acontecimento no espírito da personagem. Assim, poucos instantes de felicidade ou de sofrimento podem perdurar na memória da personagem por um longo período de tempo e, inversamente, anos inteiros de vida rotineira podem passar despercebidos. No tempo psicológico, as fronteiras do passado, do presente e do futuro são abolidas. O passado, no ato de ser rememorado, perde sua pureza de passado e torna-se presente. As experiências intermediárias entre o evento passado e o momento da lembrança fazem com que esse passado não possa mais ser recuperado na sua integridade, porque se transformou pelo decorrer do tempo. O que resta, portanto, é apenas o presente existencial, convergência do passado modificado pela memória e do futuro pressentido pelo espírito. Os romancistas que mais focalizaram o tempo psicológico (Proust, Camus, Joyce, Virgínia Woolf, Clarice Lispector, entre outros) foram influenciados, evidentemente, pela filosofia intuicionista de Bergson (especialmente pelo seu conceito de durée) e pelas teorias psicanalíticas, que procuram tratar as neuroses pelo retrocesso ao "tempo de origem", ao tempo em que um acontecimento qualquer se fixou no subconsciente e causou um complexo. Na narrativa de "fluxo da consciência" a personagem de ficção, quer na sua função de narrador que conta a história, quer na sua função de ator que participa dos acontecimentos, pode ser afetada pelo tempo psicológico. Entende-se por "consciência" a área dos processos mentais, a tela sobre a qual se projeta o material romanesco, enquanto o "fluxo" é o caminho de um estado psíquico para outro, a passagem entre várias categorias temporais (presente-passado-futuro; tempo mítico ou de origem; tempo histórico; tempo discursivo; tempo diegético). O crítico Robert Humphrey (O fluxo da consciência) releva que "o campo da vida com o qual se ocupa a literatura do fluxo da consciência é a experiência mental e espiritual, tanto seu quê quanto seu como. O "que" inclui as categorias de experiências mentais: sensações, lembranças, imaginações, concepções e intuições; o "como" inclui as simbolizações, os sentimentos e os processos de associação. Muitas vezes, é impossível distinguir o que do como. A memória, por exemplo, faz parte do conteúdo mental ou será um processo mental?" Quanto às técnicas usadas na apresentação do fluxo da consciência, o mesmo autor aponta quatro tipologias básicas: monólogo interior direto, monólogo interior indireto, solilóquio e descrição onisciente. O Monólogo interior direto dá-se quando a personagem apresenta o conteúdo da sua consciência sem a interferência do narrador implícito e sem presumir a existência de um destinatário. A forma lingüística que o distingue é o uso da primeira pessoa do singular e a "visão" que temos dos estados psíquicos é "com" o ator: percebemos fatos e sensações exclusivamente através dos olhos dessa personagem. O Monólogo interior indireto diferencia-se do primeiro pelo fato de que a psique da personagem é desvendada pela intervenção do narrador que, em terceira pessoa, descreve, analisa e comenta o que se passa na consciência da personagem. Em outras palavras, a personagem fala de seu mundo interior pela boca de outra personagem, que funciona como narrador de seu estado de espírito. Essa técnica tem como recurso estilístico principal o chamado "discurso indireto livre" que se caracteriza, de um lado, pela liberdade expressiva do narrador e, de outro, pela completa adesão do narrador à vida interior da personagem. O Solilóquio é diferente do monólogo interior pelo fato de que a personagem que narra se dirige formalmente a um destinatário ou admite implicitamente a presença de um público. Na representação de uma peça teatral, por exemplo, podemos ter um solilóquio (o ator que fala sozinho), mas nunca um monólogo, porque a presença real ou fictícia do espectador é um elemento insubstituível do gênero dramático. No solilóquio desaparece a interferência do narrador geral da narrativa que, na técnica do monólogo interior indireto, funciona como elo de ligação entre personagem e destinatário implícito, e a comunicação se estabelece diretamente entre ator e público. A Descrição onisciente é a técnica mais tradicional de focalização. Há um narrador-observador que sabe tudo a respeito de todos e descreve, à sua maneira, o íntimo das personagens. A diferença entre um romance convencional e um romance de fluxo de consciência reside no fato de que o narrador descreve idéias, sensações e acontecimentos não segundo a ordem do tempo cronológico, mas como se passam na psique de uma ou mais personagens. É a descrição da vida interior, com suas incoerências e anacronismos, em relação ao decorrer do tempo do mundo exterior. Devemos observar, todavia, que nenhuma das técnicas expostas se encontra, num texto literário, ao estado puro. Numa narrativa de fluxo de consciência, o uso do monólogo interior se alterna com o uso da descrição onisciente. Podemos apenas falar da preferência de um autor (e em determinada obra) para a utilização de uma técnica em lugar de outra. É lícito afirmar, por exemplo, que no Ulisses, de James Joyce, predomina a técnica do monólogo interior e que em Enquanto agonizo, de William Faulkner, é relevante o emprego do solilóquio, mas não que essas técnicas sejam exclusivas e que não se encontrem nessas obras trechos que apresentam o uso da descrição onisciente. De qualquer modo, seja qual for a técnica usada, é preciso salientar o elemento comum, que distingue uma narrativa de fluxo de consciência de outra tradicional: a "livre associação psicológica", que pode ter como material as idéias, as sensações ou os sentimentos. A consciência, através da memória, da imaginação e dos sentidos, tem a faculdade de associar uma coisa com outra coisa, relacionada à primeira por elementos conjuntivos (semelhanças) ou por elementos disjuntivos (contrastes). Esse chamamento psicológico forma uma cadeia cujos elos são ligados por uma coerência interior, independente das leis que regem a causalidade do mundo exterior.