SAFO (poetisa grega da ilha de Lesbos, lesbianismo) → Lírica
Safo (625–586), natural da ilha de Lesbos, é a poetisa mais famosa da Antigüidade, apelidada de "Décima Musa". Sua figura humana foi vestida de lendas ao longo dos séculos. Atribuíram-lhe amores homossexuais (o termo "lesbianismo", relacionado com a pátria de Safo, se usa como sinônimo de safismo), a chefia de uma academia de música e canto para moças (Casa das Musas), feiúra e deformidade física, o suicídio pelo amor não correspondido de um jovem barqueiro. Mas, segundo outra versão mais acreditável, porque fundamentada no testemunho do contemporâneo poeta Alceu e do filósofo Platão, Safo teria sido uma mulher bela de corpo e pura de sentimentos. Dos nove livros de poesias, restaram apenas 650 versos, onde se destacam: a invocação a Afrodite (→ Vênus), a deusa do amor; a prece às Nereidas, para que façam voltar seu irmão de uma longa viagem marítima; a descrição dos sentimentos que a presença do amante suscita na mulher apaixonada; a celebração da beleza de uma amiga da poetisa; os encantos de uma noite de luar. Os seguintes fragmentos são uma pequena amostra da carga passional da poesia de Safo:
"O desejo me queima por dentro...".
A lua e as Plêiades desapareceram;
a noite está na sua metade,
a hora passa, e eu fico sozinha na minha cama...
O amor me tortura, me subjuga os membros,
doce e amargo ao mesmo tempo, monstro invencível...
O amor sacode minha alma,
como o vento da montanha que se abate
sobre os carvalhos..."
Safo passou à história da poesia pela carga emocional, admirada por grandíssimos líricos como Horácio e Ovídio, e pelo aspecto formal: ela criou estrofes, metros e ritmos novos. O verso "sáfico", na poesia greco-romana, era composto de cinco pés. Já, na língua portuguesa, é chamado de sáfico o verso decassílabo com acentuação na quarta, oitava e décima sílabas.