TÂNATOS (nome grego da Morte)

"A pálida Morte bate, com pé igual, tanto à porta dos casebres, quanto à dos palácios."
Horácio

Tânatos, na mitologia grega, era filho da Noite e irmão do Sono (→ Hipnos). Narra o mito que Zeus (→ Júpiter), para vingar-se de Sísifo, rei de Corinto, que o dedara pelo rapto da moça Egina, enviou-lhe Tânatos, o nome grego da latina "Morte", como castigo. Mas o herói Sísifo conseguiu aprisionar a Morte. Durante algum tempo, ninguém morreu sobre a terra. Zeus, porém, o deus todo poderoso, logo ordenou que Sísifo libertasse Tânatos para este continuar sua missão de tirar a vida dos mortais. Note-se que, enquanto na Grécia a morte era representada por um gênio masculino, em Roma era uma divindade feminina: Mors, Mortis. Na Idade Média (→ Medievalismo) ela é representada como um esqueleto armado de foice. Na décima terceira lâmina do Tarô, o jogo de cartas mágicas, a Morte é configurada como a Destruição, que só pode ser evitada pelos ritos de Iniciação. A Cabala, a partir do século XII, designa vários movimentos místicos e esotéricos da Europa, centrados sobre a Morte e sua pluralidade de significações. No sentido iniciático, é vista como renovação, renascimento para uma nova vida: mors janua vitae (a morte é a porta da vida). Este sentido místico se aproxima do sentido cósmico do eterno retorno: a vida que gera a morte, que gera a vida. O grão tem que morrer em baixo da terra para reviver no trigo. A morte é, portanto, condição indispensável ao progresso da existência, assim como o sofrimento para o gozo. Do ponto de vista psicológico, o lado negativo do mito de Tânatos representa a voz do poço profundo onde se afogam os amantes da pusilanimidade, os filhos do tédio e do desespero. Na verdade, a morte em si não existe, sendo apenas a negação da vida. Conforme pensava o sábio grego Epicuro, "a morte não é nada, já que, quando somos, a morte ainda não veio, e quando a morte vem, já não somos". Todavia, o pressentimento da morte não deixa de ser a mais freqüente causa da angústia existencial. É preciso ser "sado-masoquista", como O Marquês de Sade, para afirmar: "Eu percebo, sem nenhum terror, a desunião das moléculas de minha existência."