ABRAÃO (sacrifício de Isaac): Judaísmo → Jerusalém → Bíblia → Moisés
A criação do mito de Abraão como Patriarca dos hebreus remonta ao séc. XIX a.C. Ele é um dos personagens mais importantes da religião judaica e, sucessivamente, da cristã e islâmica. Ele foi chefe de um clã arameu, tribo seminômade da região de Canaã, no litoral palestino-fenício, antigo nome da Terra Prometida, ou país de Israel, atual Palestina. A ele Deus teria revelado que Ele era a única divindade, determinando a passagem do politeísmo para o monoteísmo. Segundo uma passagem do Gênesis, Eloim (Deus) o teria agraciado com uma aliança entre a divindade e a parcela da humanidade a Ele consagrada, tendo como sinal a circuncisão. Tal privilégio do povo hebraico foi uma compensação pela prova do "Sacrifício de Isaac", superada pelo patriarca Abraão. Ter a coragem de imolar seu filho único para obedecer a uma ordem divina é algo de sobre-humano, que apavora qualquer inteligência que não esteja envolvida por um credo religioso. O conto bíblico, ao longo dos séculos, alimentou as várias artes, especialmente o Teatro e a Pintura, sendo utilizado pela Psicanálise como projeção do inconsciente. O relato contido no Gênesis seria uma alegoria da estrutura arquetípica familiar, onde o pai seria o carrasco que separa o filho da mãe. Neste sentido, é evidente o paralelo com a Mitologia greco-romana, onde se contam as relações incestuosas das Divindades Primordiais. O mito de Ifigênia narra como Agamenão estava pronto para sacrificar a própria filha no altar de Diana. Incríveis são as coincidências entre o mito do patriarca Abraão e do príncipe grego. Não havendo como provar influências entre os dois relatos lendários, só se pode pensar em arquétipos universais, conforme a teoria de Jung (→ Freud).
Ao patriarca Abraão está ligada toda a história do Judaísmo, a primeira religião monoteísta da nossa cultura. De seu filho Isaac nasceu Jacó (que passou a chamar-se Israel) e os 12 filhos deste deram origem às doze tribos do povo judeu. Ao redor do ano de 1700, os hebreus se deslocam para o Egito, onde permanecem escravos ao longo de 400 anos. Em 1300, aproximadamente, conseguem a liberdade, liderados por Moisés, que recebeu de Deus as tábuas com os "Dez Mandamentos", no monte Sinai. Peregrinam no deserto por 40 anos, até chegar à terra prometida, Canaã (Palestina), onde o rei David transforma Jerusalém em centro religioso e seu filho Salomão constrói o famoso Templo. Com a morte de Salomão, as tribos hebraicas dividem-se em dois reinos, o de Israel, na Samaria, e o de Judá, com capital em Jerusalém. Desde então nasceu a crença da vinda de um Messias, um enviado de Deus, que reunificasse o povo judeu e estabelecesse a soberania divina em todo o mundo. Até agora os judeus estão esperando a vinda do Messias, pois não reconhecem Cristo como filho de Deus.