INTELIGÊNCIA (vários tipos, genialidade) → Espírito → Conhecimento
Do latim inter + legere ("ler por dentro"), a inteligência é a capacidade própria do ser humano de compreender, indicando a rapidez da apreensão mental. Estudada especilamente pela Psicologia, a inteligência já foi objeto de múltiplas definições, apresentando vários graus e estágios de desenvolvimento, que podem ser medidos por testes de "quociente de inteligência" (QI). A atividade celebral, tradicionalmente, costuma ser distinta do fator emocional, que teria como centro o coração e não a cabeça. Uma obra que fala a respeito disso, Inteligência Emocional, do psicólogo americano Daniel Goleman, tornou-se best seller na primeira metade da última década. Mas estudos mais recentes têm demonstrado que a inteligência não é unívoca ou dual (razão e sentimento). Concentrada apenas no cérebro que é o único centro do saber e do sentir (o coração não sente nada, pois é só um músculo bombeador de sangue!), a inteligência (= alma → espírito) é múltipla e qualquer ser humano tem a possibilidade de desenvolver a pluralidade de tipos nela virtualmente existentes, embora numa escala diferenciada, de acordo com fatotres genéticos e ambientais. Apresentamos, a seguir, uma possível tipologia de inteligência:
1) Inteligência lógica: por ela o homem conhece as relações abstratas que existem entre os objetos, formulando conceitos e idéias. É possuída em alta escala por filósofos e cientistas. O exemplo mais luminoso deste tipo de inteligência é a do físico alemão Albert Einstein, o criador da Teoria da Relatividade, que estabeceu novas e surpreendentes equações entre as categorias do Tempo e do Espaço.
2) Inteligência poética: é a capacidade de interpretar o mundo através das palavras, usando uma linguagem sempre renovada pela figura da metáfora. É a inteligência peculiar de poetas e ficcionistas. Entre os vários escritores famosos analisados neste "dicionário cultural", Homero, Virgílio, Dante, Shakespeare, Fernando Pessoa e tantos outros), ressaltamos o irlandês James Joyce, dono de uma inteligência lingüística assombrosa.
3) Inteligência naturalista: é o modo de conhecimento que nos permite interagir com o ambiente circunstante, identificando flora e fauna e estabelecendo semelhanças e diferenças entre a vida humana, animal e vegetal. A figura do cientista inglês Charles Darwin sobressai, pois sua obra famosa, A Origem das Espécies, considerada a nova Bíblia, revolucionou a sociedade moderna. Por essa inteligência, o mundo não é criação divina, mas fruto de uma constante evolução, movida pelo princípio da seleção natural. O ser humano é apenas um elo na cadeia evolutiva do universo, estando sujeito às mesmas regras, válidas para todas as criaturas vivas.
4) Inteligência social: é o modo de pensar que relaciona o homem com seus semelhantes, estabelecendo direitos e deveres entre as várias classes sociais. As modernas "Ciências Sociais" (Sociologia, Antropologia, Política, Economia, Aministração de Empresas) tiveram na figura de Karl Marx seu ilustre mentor. O filósofo e economista alemão exaltou a importãncia do trabalho humano como meio de produção, apontando as injustiças que vinham sendo cometidas pelo capitalismo selvagem.
5) Inteligência intrapessoal: olhar para dentro de si para tentar ver o que existe por trás da consciência. O ser humano que consegue desenvolver essa modalidade de inteligência acaba se tornando dono de si, aproveitando as experiências boas ou más. Chegar à revelação da origem de um trauma é encontrar sua cura. Quem alertou para a grande força do inconsciente e do subconsciente individual foi o médico e pesquisador austríaco Sigmund Freud. O pai da Psicanálise encontrou na libido a energia que impulsiona a vida ativa e a criatividade humana.
6) Inteligência interpessoal: conquistar a simpatia do público é fundamental para certas categorias profissionais, especialmente para políticos e artistas. Quem consegue desenvolver a inteligência interpessoal encontra uma maior facilidade em se relacionar com os outros, entendendo o que eles pensam, sentem e desejam. É a qualidade dos grandes líderes laicos, que conseguiram se impor a uma grande massa social: Júlio César, Hitler, Mussolini, Fidel Castro etc.
7) Inteligência transcendental: esta é própria dos grandes líderes religiosos (Moisés, Cristo, Buda, Maomé), que se consideraram messias ou profetas, enviados pela divindade para salvar a humanidade. Trata-se de pessoas com uma fortíssima carga interior, que, sentindo-se inspirados por uma força superior, apregoam a existeência de um outro mundo, que transcende a nossa realidade, onde a paz, o amor, a justiça e a felicidade não fossem apenas sonhos ou utopias.
8) Inteligência musical: como Freud é considerado o pai da psicanálise, assim Wolfgang Amadeus Mozart, também austríaco, pode ser considerado o pai da moderna Música. Genética e ambiente contribuíram para a formação da sua genialidade. Filho de professor de música, aos cinco anos já compôs seus primeiros trabalhos. O autor da Flauta Mágica é o melhor exemplo do que é a inteligência musical, que nos faz distinguir os sons e suas combinações. Decodificar melodias e ritmos é o modo mais sublime de conhecer a realidade. E o mais antigo também: os agrupamentos humanos primitivos são os que mais cultivam a música, junto com a dança, o canto e a poesia, artes que estão entre si estritamente relacionadas. Mas foi apenas a partir do tardio Barroco que a Europa tomou consciência da importância da inteligência musical.
9) Inteligência figurativa: outro meio de conhecimento da realidade é através das artes plásticas (Arquitetura, Escultura e Pintura). Modelar figuras, utilizando linhas, cores e materiais os mais variados também é uma atividade bem antiga, visando apresentar um objeto do ponto de vista do artista. A História da Arte apresenta a evolução deste tipo de inteligência através dos tempos. A grande revolução aconteceu no início do séc. XX com a genialidade do espanhol Pablo Picasso, o fundador do Cubismo, a feição pictórica da arte da Vanguarda européia. Picasso, simplesmente, inventou uma nova forma de pintar, bem diferente daquela até então praticada, fundamentada no conceito clássico de harmonia de formas. Suas figuras são retorcidas e fragmentadas, apresentadas por uma perspectiva múltipla, com o intuito de representarem sua força interior.
10) Inteligência cinética: está centrada sobre a técnica e a arte do movimento, sendo fundamental para atletas, esportistas e dançarinos. O cultivo deste tipo de inteligência requer a interação entre o conhecimento intuitivo das leis da física, a orientação espacial integrada com a temporal, junto com a capacidade de criar com rapidez. Apenas a habilidade física e o treino corporal não levam à genialidade: o movimento deve ser guiado por um tipo peculiar de inteligência, que chamamos de "cinética". É essa inteligência que faz a diferença entre a genialidade de Pelé e os milhares de jogadores de futebol ou entre o russo Barichinicov e os outros bailarinos.
11) Inteligência artificial: é a área da ciência da computação (→ Informática), que surgiu na década de 1950 e continua evoluindo a largos passos, sendo de uma utilidade incalculável para quase todas as atividades humanas. O computador é um aparelho que reproduz processos complexos e inteligentes, a partir da manipulação de símbolos, representados em código binário. Trata-se de uma máquina "que pensa", como se fosse um ser humano, o único a quem a natureza reservou o dom do raciocínio. Essa inteligência é, portanto, "artificial", pois é o homem que programa o computador para realizar várias operações de "robótica" (visão e atividade motora), de "linguagem natural" (interpretação automática de textos) etc., pela engenharia de hardwares e softwares (discos duros e moles). A inteligência artificial está sendo utilizada também pelas artes, especialmente pelo cinema, que vem produzindo vários filmes di ficcção científica, servindo-se desse moderno meio de comunicação.
Como podemos ver, o tipo de inteligência de que as pessoas humanas são dotadas varia de um indivíduo para outro, na dependência de fatores de hereditariedade e do meio ambiente. O mais alto grau de capacidade intelectual, emocional ou física, que a mente humana pode alcançar numa determinada área de conhecimentos, faz de uma pessoa um "gênio". O renascentista italiano Leonardo da Vinci seria o "gênio dos gênios" pois, por ter deixando obras estupendas em vários ramos da atividade humana, foi definido como "o mais completo dos homens".